
O mar nem sempre devolve o que toma. Essa dura realidade ficou ainda mais evidente para as famílias de dois pescadores cearenses que desapareceram nas águas revoltas do litoral do estado.
Após cinco longos dias de uma operação que mobilizou meios navais e aéreos — um verdadeiro aparato de busca —, a Marinha tomou a dolorosa decisão de encerrar as buscas. A notícia, que caiu como uma luva gelada sobre os familiares, foi confirmada nesta terça-feira (2).
Uma sexta-feira que começou como qualquer outra
Tudo aconteceu na última sexta-feira (29 de agosto), por volta das 19h30. Um horário já escuro, onde o céu se encontra com o mar formando uma só escuridão. A embarcação de pesca, que até então cortava as ondas com normalidade, simplesmente naufragou na altura da Praia do Iguape, no município de Caucaia.
Imaginem só: uma noite de trabalho que se transforma num pesadelo. Três homens a bordo, lutando contra a fúria do oceano. Um conseguiu ser resgatado com vida — um alívio misturado com angústia —, mas os outros dois… bem, os outros dois foram tragados pelo mar.
Força-tarefa e o peso da decisão
A Marinha não mediu esforços, vou dizer. Acionou o Comando do 2º Distrito Naval e colocou para funcionar uma máquina de busca impressionante:
- Três lanchas de patrulha cortando as águas
- Uma aeronave sobrevoando a área num vai-e-vem incansável
- Militares dedicados vasculhando cada palmo do oceano
Mas o mar é traiçoeiro, meus amigos. E após analisar meticulosamente todos os fatores — as correntes marítimas, o tempo de sobrevivência numa água daquelas, a área já coberta —, a conclusão foi a mais difícil possível.
"Diante das circunstâncias", disseram em nota, "após 120 horas de buscas contínuas… a Marinha decidiu encerrar as operações".
O silêncio que fala mais alto
O que dizer para as famílias? Como consolar quem ainda espera por um milagre? A Capitania dos Portos de Fortaleza se colocou à disposição — um gesto importante, mas que soa pequeno perto da dor da perda.
Essa história me lembra uma coisa: o trabalho dos pescadores é um dos mais nobres e ao mesmo tempo mais perigosos do Brasil. Eles enfrentam o desconhecido todos os dias para trazer alimento para nossas mesas, mas pagam um preço altíssimo por isso.
O litoral do Ceará, com toda sua beleza natural, esconde perigos que só quem vive do mar conhece de verdade. E desta vez, o mar levou dois dos seus.