
Imagine acordar segunda-feira e lembrar que, de novo, não tem como chegar ao trabalho. Essa tem sido a realidade cruel para milhares de pessoas em uma cidade do interior gaúcho — quase sessenta dias de um silêncio ensurdecedor onde antes se ouviam os motores dos ônibus.
Pois é, meus amigos. Desde que a empresa responsável pelo transporte simplesmente parou as atividades, no início de julho, a vida virou de cabeça para baixo. Quem depende do coletivo? Tem se virado como pode. Caronas solidárias, táxis (quando o bolso permite), e muito, muito caminhar.
Um Problema que Bate na Porta de Todo Mundo
Não é exagero dizer que a cidade parou junto. Comércio vaziu — afinal, como o freguês vai chegar? —, funcionários faltaram, e aquele vai-e-vem característico sumiu. A prefeitura, pressionada, corre contra o relógio. O prazo final para a empresa retomar os serviços era sexta-feira passada. Não voltou.
E aí, o que fazer? A esperança agora se concentra numa reunião marcada para esta segunda-feira. Talvez — só talvez — os ônibus voltem a circular. Mas ninguém segura muita esperança. Já se criou uma desconfiança geral, um cansaço que só quem vive na pele entende.
O Outro Lado da Moeda
A empresa joga a culpa na prefeitura. Diz que os valores repassados não cobrem os custos operacionais — combustível subiu, manutenção custa os olhos da cara, salários precisam ser pagos. E a prefeitura, claro, rebate. Alega que a empresa não cumpriu cláusulas contratuais e que a população não pode ser refém de uma briga financeira.
Enquanto isso, no calor do debate, o cidadão comum paga o pato. A dona Maria, que vai ao médico a pé. O João, que gasta metade do salário com Uber. É uma situação que, francamente, não deveria se arrastar por tanto tempo.
O pior? Ninguém sabe ao certo quando isso vai acabar. A promessa é para segunda. Mas e se não acontecer? A cidade continua nas mãos de quem tem carro — ou muita disposição para andar.