
Aconteceu de novo. Mais uma vida se foi no asfalto da cidade, e dessa vez foi dona Ester de Souza, uma senhora de 68 anos que lutou até onde pôde. O Rio de Janeiro acordou mais uma vez de luto, e a sensação é de que a violência no trânsito é uma guerra sem fim que a gente teima em ignorar.
O que começou como uma sexta-feira comum no cruzamento das Ruas São Miguel e Conde de Bonfim se transformou num pesadelo. Um caminhão e um carro de passeio – ainda não se sabe ao certo o que deflagrou a colisão brutal. O estampido do metal contra metal ecoou pela vizinhança, um som que ninguém consegue esquecer.
Ester estava no carro. Ela foi arremessada para o hospital mais próximo, o Municipal Salgado Filho, com o corpo em frangalhos. Os médicos, aqueles heróis de plantão que a gente nunca valoriza o suficiente, travaram uma batalha de quatro dias. Quatro dias de angústia para a família, que fez vigília na esperança de um milagre que, infelizmente, não veio.
O Corredor da Morte?
E cá estamos nós de novo. Esse mesmo cruzamento já foi palco de outras tragédias – parece que virou um ponto cego, uma roleta russa para quem passa por ali. Moradores já perderam a conta dos sustos e dos acidentes 'menores'. A pergunta que fica, e que ninguém parece querer responder direito, é: quantas vidas serão necessárias para que algo mude?
As duas primeiras vítimas, dois homens que estavam no carro, morreram na hora. A notícia correu rápido, mas logo saiu dos jornais. Agora, com a partida de Dona Ester, a ferida se abre de novo. A família dela está arrasada, como é de se esperar. Imagina perder alguém assim, de forma tão súbita e violenta? É um baque que não tem palavras.
E Agora, José?
A Polícia Civil, através do Departamento de Homicídios, abriu inquérito. Vão apurar tudo nos mínimos detalhes – perícia no local, exames nos veículos, o que os motoristas estavam fazendo, se havia algo de errado. É o protocolo. Mas a sensação na quebrada é de que isso já devia ter sido feito há muito tempo.
Enquanto isso, o IML já foi acionado para buscar o corpo de Dona Ester. Mais um nome na lista triste de vítimas do trânsito carioca, que não para de crescer. O que era para ser um simples trajeto virou uma sentença de morte.
A verdade é que a cidade parece estar se acostumando com a tragédia. E isso, talvez, seja a pior parte de toda essa história.