Parece que Vila Velha está prestes a virar um tabuleiro de xadrez urbano — e nem todo mundo gostou da próxima jogada. Um projeto que promete "modernizar" o transporte público na região está deixando moradores de bairros como Glória e Praia da Costa com a pulga atrás da orelha. E não é pra menos.
O que está pegando?
Planejado para começar em 2025, o tal do "Sistema Integrado de Mobilidade" quer redistribuir as linhas de ônibus como quem organiza uma festa — só que esqueceram de convidar os anfitriões. "É como se quisessem transformar ruas cheias de história em passarelas vazias", dispara Maria Fernandes, dona de uma padaria que sobrevive há 40 anos graças ao movimento local.
Detalhe curioso: enquanto alguns bairros podem ganhar até 12 novas linhas, outros — justo os mais tradicionais — ficariam com menos opções que restaurante vegano em churrascaria. Coincidência? A prefeitura jura que não.
Números que assustam
- Até 30% de redução no fluxo de pessoas em áreas comerciais tradicionais
- 15 estabelecimentos já anunciaram possível fechamento
- Valor dos aluguéis comerciais pode despencar até 40%
E olha que a coisa não para por aí. Especialistas em desenvolvimento urbano — aqueles que normalmente discordam entre si — estão unânimes: "Quando você mexe no transporte, mexe na alma da cidade". Dramático? Talvez. Mas quem já viu centro histórico virar cenário de filme pós-apocalíptico sabe que o buraco pode ser mais embaixo.
E os moradores?
"Vou ter que andar 1km até o ponto mais próximo? Isso no sol de 40 graus? Tá de brincadeira!" — o desabafo do aposentado João Batista resume o clima nas redes sociais. Enquanto isso, jovens empreendedores que investiram em lojas de rua agora se veem entre a cruz (da inadimplência) e a caldeirinha (do aluguel atrasado).
Ah, e tem aquela velha promessa de "vamos melhorar tudo". Só que dessa vez, nem os mais otimistas estão comprando. Afinal, todo mundo lembra do último "grande projeto" que transformou ciclovias em coleção de buracos artísticos.
Será que Vila Velha vai conseguir equilibrar progresso e preservação? Ou vamos assistir ao slow death de bairros que são a cara da cidade? Fica o desafio — e a torcida para que a prefeitura escute mais os moradores e menos as planilhas de Excel.
