
Não dá mais pra engolir esse sufoco diário. Na manhã desta quinta (8), um protesto tirou o sossego — e a paciência — de quem precisava trafegar pela DF-128. A rodovia, que mais parece uma trilha de fazenda em dias de chuva, virou palco de um verdadeiro levante popular.
Por volta das 7h, um grupo de moradores — uns 50, segundo testemunhas — resolveu botar o bloco na rua. Literalmente. Carros, caminhões e até um trator velho foram usados para fechar a pista no trecho que liga as duas Planaltinas (sim, tem uma no DF e outra em Goiás, pra confusão de quem não é da região).
O grito por asfalto
"É um descaso que já dura décadas", dispara Maria do Carmo, 62 anos, enquanto segurava um cartaz feito à mão. A aposentada, que faz o trajeto diariamente para visitar a filha doente em Goiás, contou que já perdeu a conta de quantas vezes ficou ilhada naquela estrada esburacada.
Os números — quando existem — são assustadores:
- 45 km de extensão com apenas uma faixa em cada sentido
- 3 acidentes graves registrados só no último mês
- Mais de 2 horas de engarrafamento nos horários de pico
Enquanto isso, na capital federal, os políticos discutem orçamentos milionários para obras faraônicas. Mas pro cidadão comum que precisa dessa via todo santo dia? Só promessas vazias e asfalto esfarelando.
O outro lado da moeda
Procurada, a Secretaria de Transportes do DF emitiu uma nota genérica — daquelas que todo mundo já sabe de cor. Dizem que "estão estudando alternativas" e que "a obra está no planejamento estratégico". Enquanto isso, o povo continua se arriscando numa estrada que mais parece cenário de filme pós-apocalíptico.
O protesto, que durou cerca de 3 horas, só foi dispersado após a promessa (mais uma!) de uma reunião com representantes do GDF. Mas os moradores já avisaram: se não sair do papel até o fim do mês, a próxima manifestação vai fechar a BR-020 também.
E aí, será que dessa vez vão ouvir o grito das ruas — ou melhor, das estradas esburacadas? A bola agora está com o governo, mas o povo parece ter perdido a fé nas promessas oficiais há muito tempo.