
Era pra ser mais uma noite como tantas outras — o encerramento de um culto cheio de fé, cantorias e abraços apertados. Mas o que aconteceu na BR-050, perto de Uberlândia, virou o mundo de pelo menos sete famílias de cabeça pra baixo. Um carro e uma van colidiram violentamente na madrugada de domingo, e o resultado foi devastador.
No banco da frente da van, estava José Ricardo, 54 anos. O "seu Zé", como todos chamavam, dirigia o grupo há mais de uma década. "Era o primeiro a chegar e o último a sair", contou uma vizinha, ainda sem acreditar. No banco ao lado, Maria das Graças, 48, sua esposa, que sempre levava um bolo de fubá "pro povo não ficar com fome na volta".
Os detalhes que doem
Na parte de trás do veículo:
- Ana Lúcia, 32 — professora da escolinha dominical, deixou dois filhos gêmeos de 5 anos
- Carlos Alberto, 29 — o "gigante gentil" que cuidava do som da igreja
- Irmã Dulce, 61 — a matriarca que nunca faltava, nem quando estava chovendo canivete
Do outro lado, no carro que invadiu a contramão (segundo testemunhas), estava Roberto Nascimento, 23. Estudante de medicina que, ironicamente, voltava de plantão no hospital regional. "Tava com sono, mas jurou que dava conta", lamentou o irmão.
O que sobrou
A van — aquela mesma que levou tanta gente pra festas, batizados e até pra pescaria no ano passado — agora parece um papel amassado. No asfalto, ficaram os restos de Bíblias, um sapato de criança (que ninguém sabe de quem é) e uma sacola com restos do tal bolo de fubá.
A polícia ainda investiga se houve falha mecânica ou se foi mais um daqueles casos de "eu só dei uma piscada". Enquanto isso, na igreja Assembleia de Deus onde o grupo congregava, as cadeiras da última fileira — onde eles sempre sentavam — estão vazias. E ninguém tem coragem de ocupar.