
Imagine acordar numa segunda-feira qualquer e descobrir que seu emprego — aquele que paga as contas e sustenta a família — está por um fio. Pois é, essa é a realidade que cerca 11 mil profissionais em Santa Catarina, segundo o Sindicato dos Centros de Formação de Condutores (SindCFC). O motivo? A possível revogação da obrigatoriedade das autoescolas para tirar CNH.
O que está em jogo?
Não se engane: não é só sobre burocracia. O setor, que já sente o baque da digitalização e das mudanças nos hábitos dos jovens (que preferem Uber a carro próprio), agora encara um terremoto. "É como desmontar uma ponte enquanto ainda tem gente atravessando", diz um instrutor anônimo, com a voz embargada.
Números que doem
- 11 mil postos de trabalho ameaçados — desde instrutores até funcionários administrativos
- R$ 300 milhões em faturamento anual do setor em SC
- 47% das autoescolas catarinenses em risco de fechar as portas
E olha que a coisa não para por aí. O sindicato garante que o impacto vai escorrer para outros setores — combustível, manutenção de veículos, até o comércio local que depende desses trabalhadores.
O outro lado da moeda
Claro, tem quem defenda a mudança. Afinal, quem nunca reclamou dos custos exorbitantes para tirar carteira? Sem autoescolas obrigatórias, o valor poderia cair pela metade. Mas será que a economia no bolso vale o risco de instrutores sem qualificação?
"É trocar seis por meia dúzia", dispara Maria Silva, dona de uma autoescola em Florianópolis. "Sem estrutura, o cara aprende no YouTube e depois vira um perigo no volante."
E agora?
Enquanto o debate esquenta em Brasília, em SC a preocupação é outra: como evitar que milhares de famílias fiquem no prego. Propostas? Algumas surgem:
- Cursos de requalificação profissional financiados pelo governo
- Transição gradual para evitar demissões em massa
- Incentivos fiscais para quem mantiver os empregos
Uma coisa é certa: o sinal amarelo está aceso. E ninguém quer ser atropelado por decisões precipitadas.