
Não era um dia qualquer naquele trecho da cidade. O asfalto úmido da madrugada, a névoa fina que insistia em não sair — cenário perfeito para o desastre que viria. Por volta das 5h30, um estrondo cortou o silêncio do bairro. Um carro, em velocidade considerável, colidiu de frente com um poste. O motorista, único ocupante, não resistiu.
Testemunhas contam que a cena foi de cortar o coração. "Parecia filme de terror, mas era a nossa realidade", disse um morador que preferiu não se identificar. A via, conhecida pelos vizinhos como "pista da sorte" — ironia cruel —, já teve outros incidentes menores. Desta vez, porém, o preço foi uma vida.
O que deu errado?
Segundo relatos, três fatores se combinaram para a tragédia:
- Sinalização praticamente invisível à noite
- Nenhuma lombada ou redutor de velocidade
- Iluminação pública insuficiente no local
O Departamento de Trânsito já se manifestou, prometendo "análise urgente" do caso. Mas moradores estão cansados de promessas. "Todo mundo sabe que ali é perigoso. Quantos mais vão morrer antes de fazerem algo?", questiona Dona Marta, que vive há 20 anos nas redondezas.
Números que assustam
Só este ano, Curitiba registrou:
- 47 acidentes graves em vias mal sinalizadas
- 12 mortes relacionadas a problemas de infraestrutura
- 3x mais ocorrências nesse tipo de via do que no ano passado
Especialistas em trânsito ouvidos pela reportagem foram diretos: "É uma roleta russa. Quando a cidade negligencia a sinalização, está assinando atestado de potencial morte", dispara o engenheiro Carlos Mendonça.
Enquanto isso, a família do motorista — cujo nome ainda não foi divulgado — prepara o enterro. Vizinhos organizam um protesto silencioso para esta sexta. Afinal, como diz o ditado, depois da tempestade... vem a revolta.