
Era pra ser mais um dia normal. O sol já começava a se despedir no horizonte quando ele estacionou a moto, aliviado por ter batido a meta de entregas. Nem imaginava que minutos depois, tudo mudaria.
O choque foi tão brusco que vizinhos saíram correndo das casas. Um carro, em velocidade acima do permitido, cruzou o sinal vermelho como se as regras não existissem. O motoboy — experiente, conhecido por sua pontualidade quase obsessiva — não teve chance.
O profissional que virou lenda
"Ele era daqueles raros que tratavam cada encomenda como se fosse a primeira", conta Marcelo, dono de uma lanchonete que recebia entregas dele três vezes por semana. "Nunca reclamava, mesmo quando a chuva transformava as ruas em rios."
Nos grupos de WhatsApp dos entregadores, as mensagens pipocam:
- "Salvou meu turno quando minha moto quebrou"
- "Único que lembrava o aniversário dos clientes"
- "Deixou um vazio que nenhum GPS preenche"
Detalhe cruel: na mochila, encontraram o lanche que ele sequer teve tempo de comer. Um misto-quente já frio, embalado no papel que ele sempre dobrado com cuidado.
O trecho maldito
A curva onde tudo aconteceu é famosa pelos problemas — em 2024, três atropelamentos no mesmo quarteirão. Moradores fazem abaixo-assinado há meses por redutores de velocidade, mas a prefeitura alega "prioridades orçamentárias".
Enquanto isso, o motorista do carro — um homem de 34 anos com histórico de multas por excesso de velocidade — fugiu a pé antes da chegada da polícia. Deixou para trás apenas marcas de pneus e perguntas sem resposta.
Atualização: A Polícia Militar informou que já identificou o suspeito através de câmeras de vigilância próximas ao local.