
Era pra ser mais uma viagem rotineira, dessas que a gente faz sem pensar duas vezes. Mas o que aconteceu naquele fatídico 11 de setembro de 2022 na SP-330, em Nuporanga, viria a marcar para sempre as famílias de dois jovens cheios de sonhos.
O motorista Willian Aparecido Rosa, 34 anos, acabou condenado a cinco anos de prisão – pena que, sabe como é a justiça brasileira, ele vai cumprir em regime semiaberto. O crime? Homicídio culposo na direção de veículo automotor. Um nome jurídico complicado para uma tragédia simplesmente evitável.
O dia que tudo mudou
Os detalhes são de cortar o coração. Willian dirigia um Fiat Uno pela rodovia quando, inexplicavelmente, invadiu a contramão. O resultado foi uma colisão frontal brutal com um Hyundai HB20. Dentro do carro, quatro jovens universitários – todos entre 19 e 22 anos – que voltavam para Casa Branca após um fim de semana em Ribeirão Preto.
Gabriel Moreira Alves, 22 anos, e Larissa Brito dos Santos, 19, não resistiram aos ferimentos. Dois futuros interrompidos de forma tão abrupta quanto injusta. Os outros dois passageiros sobreviveram, mas carregam sequelas físicas e emocionais que provavelmente os acompanharão para sempre.
O longo caminho até a sentença
O processo judicial foi um daqueles trâmites lentos típicos do nosso sistema. Três longos anos se passaram até a sentença do juiz Bruno César Camarero, da 2ª Vara Criminal de Franca. A defesa tentou argumentar que não havia dolo – e de fato, não havia. Ninguém acusa o motorista de ter querido matar ninguém. Mas a negligência? Essa foi incontestável.
O artigo 302 do CTB não deixa margem para dúvidas: quando você assume o volante, assume também uma responsabilidade gigantesca. Uma decisão errada, um segundo de distração, e vidas podem ser destruídas. Literalmente.
As consequências de um momento
Além da pena de prisão – que vai ser cumprida, repito, em semiaberto –, Willian terá que pagar multa de 10 salários mínimos (que vão para o Fundo Penitenciário) e está proibido de dirigir por dois anos. Dois anos! Parece pouco perto da perda irreparável das famílias.
O que me faz pensar: será que a gente realmente valoriza tanto quanto deveria a responsabilidade que é guiar uma máquina de mais de uma tonelada? Um instrumento que pode ser tanto de liberdade quanto de destruição?
As famílias das vítimas seguramente têm sua resposta. E ela ecoa no silêncio dos quartos vazios, nos diplomas que nunca serão pendurados na parede, nos casamentos que nunca acontecerão.