Mãe de criança atropelada por PM reformado em Campina Grande clama por justiça: 'Meu filho não pode ser só mais um número'
Mãe de criança atropelada por PM clama por justiça

O silêncio no bairro foi quebrado por gritos. Um som de pneus cantando no asfalto, um baque seco. E depois, o choro. Não era um choro qualquer — era aquele que corta a alma, que faz vizinhos saírem correndo das casas sem nem saber por quê.

Naquele 6 de agosto em Campina Grande, a pequena Maria (nome fictício), de apenas seis primaveras, virou estatística. Mais uma vítima do trânsito que parece ter declarado guerra aos pedestres. Mas para Dona Luiza, 34 anos, aquela menina de vestido rosa não era um número. Era a luz da sua vida.

O dia em que o mundo desabou

"Tava brincando de amarelinha na calçada...", conta a mãe, as mãos tremendo como folhas no vento. "De repente, ouvi o barulho. Quando olhei, ela tava lá, no meio da rua. Parecia uma boneca quebrada."

O motorista? Um policial militar reformado. O carro, um sedã prata que não parou pra ajudar. Só desapareceu na curva, deixando pra trás o caos e a dor.

Justiça ou esquecimento?

Na delegacia, o caso foi registrado. Mas Dona Luiza sabe como essas histórias costumam terminar. "Todo mundo promete, diz que vai fazer algo. Depois a poeira abaixa e fica por isso mesmo", desabafa, os olhos vermelhos de tanto chorar.

O delegado responsável garante que as investigações estão a todo vapor. Testemunhas foram ouvidas, câmeras de segurança checadas. Mas na periferia, onde a justiça chega devagar — quando chega —, a esperança é frágil como vidro fino.

A comunidade se mobiliza

Vizinhos organizaram um abaixo-assinado. Quase 300 assinaturas em dois dias. "Cansei de ver esse tipo de coisa acontecer", diz Marcos, dono do mercadinho da esquina. "Dessa vez não vai ficar assim."

Enquanto isso, Maria se recupera no hospital. Fratura na perna, traumatismo craniano. Os médicos dizem que ela vai melhorar, mas ninguém sabe dizer se voltará a ser aquela criança cheia de vida que pulava corda na calçada.

E o PM reformado? Até agora, silêncio. Nenhum pedido de desculpas, nenhuma visita ao hospital. Só o vazio deixado por quem deveria, acima de tudo, proteger.