
Era pra ser mais um acidente de trânsito banal em João Pessoa. Um carro batido num poste, vidros estilhaçados, aquela correria típica de quem presencia uma cena dessas. Só que tinha um detalhe sinistro: o jovem de 22 anos encontrado no banco do passageiro não morreu por causa da batida.
Segundo o Instituto de Polícia Científica (IPC), a verdade veio à tona depois que os peritos começaram a catar os pedacinhos da história que não fechavam. "Quando você mexe com cena de crime há 20 anos como eu, desenvolve um sexto sentido pra quando algo cheira mal", contou um investigador que preferiu não se identificar.
O que não batia (e não era só o carro)
Primeiro, a posição do corpo. Depois, aquela mancha estranha no estofamento que claramente não era de óleo. Por fim - e mais grave - o pequeno orifício que qualquer leigo confundiria com estilhaço, mas que pra quem sabe, era entrada de projétil.
"Fizeram um teatro inteiro pra tentar passar isso como acidente", disparou o delegado responsável. "Só que esqueceram que morte violenta deixa marcas específicas - e a gente foi treinado pra achá-las."
- Vítima tinha passagem por tráfico (seria acerto de contas?)
- Carro estava com documento irregular (coincidência?)
- Chuva daquela noite quase apagou vestígios cruciais
Moradores do bairro onde o corpo foi encontrado relatam ter ouvido barulho de batida por volta das 23h, mas nenhum estampido. "Tá vendo como é fácil enganar quem não tá esperando por crime?", questiona uma vizinha que pediu anonimato.
O pulo do gato da perícia
Foi a análise minuciosa dos fragmentos de vidro que entregou o jogo. Algumas lascas tinham padrão de quebra incompatível com colisão - sugerindo que alguém pode ter dado uma "ajudinha" pra cena ficar mais convincente. Detalhe macabro: o tiro foi dado de tão perto que deixou resíduos característicos.
Enquanto a polícia corre atrás das câmeras de segurança da região, uma pergunta fica no ar: quantos "acidentes" por aí são na verdade crimes mascarados? A gente só descobre quando alguém desconfia que a história tá mal contada...