
Era pra ser só mais um domingo qualquer no campo de futebol 7 do bairro do Jacintinho. Mas o clima pesado no ar deixava claro que aquela pelada tinha um significado muito maior. Nas laterais do gramado, faixas improvisadas com frases de despedida balançavam com o vento quente de Maceió.
"A gente não queria acreditar quando soube", contou Rafael, um dos organizadores do jogo, enquanto ajustava a braçadeira preta no braço. "Ele era daqueles caras que iluminava o campo com seu jeito brincalhão de jogar."
O acidente que chocou a comunidade
Tudo aconteceu naquela curva maldita da Avenida Fernandes Lima, sabe como é? Aquela que todo mundo conhece por ser estreita e perigosa. Por volta das 23h de sábado, o carro em que o atleta estava colidiu frontalmente com um caminhão. Os bombeiros chegaram rápido, mas... bom, você já sabe como essas histórias terminam.
O que ninguém esperava era o tamanho da comoção. Nas redes sociais, a hashtag #EternoCamisa10 explodiu. Até jogadores profissionais de times alagoanos se manifestaram.
Um minuto de silêncio que doía
Antes da bola rolar, algo impressionante. Os 22 jogadores - amigos de infância, colegas de pelada, primos distantes - formaram um círculo perfeito no meio do campo. O silêncio era tão denso que dava pra ouvir o barulho dos carros passando na rua ao lado.
"Trinta segundos depois já tinha gente soluçando", lembra a esposa do falecido, que recebeu uma camisa personalizada com o nome do marido. "Mas ele teria odiado ver todo mundo triste assim. Queria que jogassem com alegria, como ele sempre fez."
E jogaram. Que partida! Gols bonitos, dribles desconcertantes, aquelas jogadas que fazem a galera na arquibancada - umas 50 pessoas, no total - levantar como se fosse final de campeonato. Teve até pênalti perdido de propósito, dizem que porque o cobrador "ouviu uma voz" mandando chutar pra fora.
O legado que fica
No vestiário, depois do jogo, a cerveja gelada circulou junto com histórias engraçadas. "Lembra quando ele tentou dar um chapéu no goleiro e caiu sozinho?" - alguém gritou, provocando gargalhadas. Risos que, de repente, viravam lágrimas não disfarçadas.
A família já avisou: vão criar um torneio anual com o nome dele. "Não vai trazer ele de volta", admitiu o irmão mais novo, "mas pelo menos a gente sabe que ele vai continuar inspirando moleque a amar esse esporte como ele amava."
E no fim das contas, é isso que importa, não é? Como diz o ditado: "Morre o homem, fica a lenda". E pelo jeito como falam dele, essa lenda vai durar bastante.