
Era uma manhã como qualquer outra em Bauru — até que o som de pneus cantando no asfalto e metal se torcendo mudou tudo. Por volta das 10h desta segunda (11), um motociclista perdeu o controle da sua moto num trecho perigoso da Av. Nações Unidas e colidiu violentamente contra um poste.
O que aconteceu depois foi um daqueles momentos de puro acaso — ou destino cruel, dependendo de como você vê as coisas. Enquanto os primeiros curiosos se aglomeravam, uma mulher que passava de carro reconheceu o capacete caído no chão. "Era o mesmo que eu tinha dado pro meu irmão no Natal", contou depois, ainda tremendo.
Identificação chocante
Aos 37 anos, José Ricardo (nome fictício) não teve chance. Os socorristas chegaram rápido, mas já era tarde — o impacto foi tão forte que nem o capacete de qualidade, aquele presente de Natal, conseguiu protegê-lo. A irmã, que preferiu não se identificar, só conseguiu dizer "era ele" antes de desabar em lágrimas.
O trecho da avenida onde tudo aconteceu é conhecido pelos moradores como "curva da morte". E não é exagero — só este ano, três acidentes graves já mancharam o asfalto ali. "Todo mundo corre mesmo vendo a placa de 60km/h", reclama um comerciante da região, que pediu pra não ser identificado. "Agora mais uma família destruída."
Depoimentos emocionados
- "Ouvi o barulho e pensei: lá vamos nós de novo" — Maria, 58 anos, moradora próxima
- "Ele tava indo trabalhar, como todo dia..." — Colega de trabalho da vítima
- "Até quando isso vai continuar?" — Pai de dois filhos que quase se acidentou no mesmo local mês passado
A Polícia Militar ainda investiga as causas exatas do acidente. Testemunhas dizem que um carro teria fechado a moto, mas ninguém parou pra ajudar — coisa que, convenhamos, diz muito sobre nossos tempos. O corpo foi encaminhado ao IML, enquanto a família tenta entender como uma rotina normal de segunda-feira virou pesadelo.
Enquanto isso, na "curva da morte", só resta o desenho de giz no asfalto marcando onde a vida de José Ricardo terminou. E uma pergunta no ar: quantos mais vão precisar morrer antes que algo mude?