Ex-triatleta relata terror ao ser atropelada no Aterro do Flamengo: "Só ouvi o barulho do pneu cantando"
Ex-triatleta atropelada no Rio: "Só ouvi pneu cantando"

O dia começou como qualquer outro para a ex-triatleta Marina Rocha. Céu azul, brisa suave — aquela combinação perfeita para um treino leve na orla do Aterro do Flamengo. Mas em segundos, o cenário idílico virou pesadelo. "Foi como se o asfalto tivesse ganhado vida e pulado contra mim", descreve, ainda assustada.

Por volta das 7h30 daquela quarta-feira (6), enquanto pedalava na ciclofaixa, Marina ouviu um ruído que a fez gelar: o chiado agudo de pneus em freada brusca. Nem teve tempo de reagir. O impacto veio como um soco no escuro — a bicicleta virou um emaranhado de metal, e seu corpo atingiu o chão com força brutal.

O momento do impacto

"Só lembro do barulho do pneu cantando, aquela música de terror", conta ela, com a voz embargada. O carro, um sedã prata (por que sempre prata?), desapareceu tão rápido quanto apareceu. Testemunhas? Várias. Mas quando você está deitado na pista, sangrando, o mundo vira uma lente desfocada.

Fraturas múltiplas na perna direita, costelas quebradas, escoriações profundas — o preço por estar no lugar errado. E o motorista? Fez o que muitos fazem: pisou no acelerador da covardia. "Ele nem diminuiu", revolta-se um vendedor ambulante que presenciou tudo.

Depois da queda

No Hospital Municipal Miguel Couto, onde Marina foi levada às pressas, os médicos balançavam a cabeça. "Mais um", murmuravam. O Rio não perdoa — nem os descuidados, muito menos os cuidadosos. A ciclofaixa, supostamente segura, virou campo minado.

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Enquanto isso, na 5ª DP (Copacabana), o caso virou mais um número. "Temos imagens", diz um delegado, sem entusiasmo. A placa? Borrada. O modelo? Genérico demais. A esperança? Tão frágil quanto o fêmur de Marina.

Ela, que já enfrentou maratonas no deserto, agora encara uma prova diferente: aprender a andar de novo. Tudo porque alguém — em algum lugar — decidiu que chegar dois minutos mais cedo valia mais que uma vida.