Era para ser um dia de celebração. Ana Clara Mendes, 22 anos, voltava para casa em Ponta Grossa cheia de planos depois de receber um prêmio importante num congresso odontológico em Curitiba. Mas o destino — cruel e inexplicável — tinha outros planos.
Por volta das 16h30 dessa segunda-feira (4), seu carro colidiu frontalmente com um caminhão na BR-376, altura do km 145. Testemunhas disseram que a pista estava escorregadia por causa da chuva fina que caía desde o meio-dia. Os bombeiros precisaram de quase uma hora para retirá-la dos destroços.
Uma vida interrompida no auge
Ana Clara não era só mais uma estudante. No último ano da faculdade, já estagiava numa clínica popular e sonhava em especializar-se em ortodontia. "Ela tinha aquela luz especial", conta a professora Dra. Lúcia Hoffmann, emocionada. "Na semana passada, apresentou uma pesquisa sobre anestesia sem agulha que deixou todo mundo boquiaberto no simpósio."
Os colegas de turma organizaram uma vaquinha online para ajudar a família com as despesas do funeral. Em menos de 12 horas, já tinham arrecadado o triplo da meta inicial — prova do quanto era querida.
O trecho perigoso da BR-376
Quem trafega regularmente por ali sabe: aquele pedaço da rodovia é traiçoeiro. Curvas fechadas, sinalização desgastada e — pasmem — nenhum radar fixo num raio de 30 km. Só este ano, foram 7 acidentes graves no mesmo trecho. A Polícia Rodoviária Federal prometeu "analisar o caso", mas todo mundo já cansou de ouvir essa lenga-lenga.
Enquanto isso, na casa da família Mendes, o silêncio pesa como chumbo. No quarto de Ana Clara, o vestido que usaria na formatura no próximo mês ainda está pendurado atrás da porta, com a etiqueta da loja visível. A mãe, Dona Marli, diz entre lágrimas: "Ela merecia ver o fruto do tanto que se dedicou".
O velório acontecerá nesta quarta-feira (6), no Cemitério São José, a partir das 14h. Em vez de flores, a família pede doações para o projeto "Sorrisos do Amanhã", iniciativa que a própria Ana Clara ajudava nas horas vagas.
