
O caso do dentista que perdeu a vida enquanto cumpria pena por dirigir sob efeito de álcool em Santa Catarina ganhou um novo capítulo. Segundo informações do laudo pericial, divulgado nesta segunda-feira, a causa da morte foi atribuída a uma doença cardíaca — e não às condições do cárcere, como muitos especulavam.
O profissional, cujo nome não foi divulgado, estava detido há três meses quando começou a passar mal. "Ele reclamou de dores no peito na madrugada, mas os agentes pensaram que era algo passageiro", conta um funcionário do presídio que preferiu não se identificar. Só quando o quadro se agravou, horas depois, é que acionaram o socorro médico.
Falha no sistema ou fatalidade?
Médicos legistas foram categóricos: o infarto fulminante não tinha relação direta com o tempo de prisão. Mesmo assim, familiares questionam se a detenção acelerou o desfecho trágico. "Meu irmão tinha histórico de pressão alta, mas estava controlado", desabafa a irmã da vítima, entre lágrimas. Será que a tensão do confinamento pesou?
O caso reacendeu discussões antigas:
- Falta de acompanhamento médico adequado nas penitenciárias
- Protocolos lentos para emergências
- O dilema ético de prender pessoas com condições crônicas de saúde
Curiosamente, o dentista havia sido flagrado com quase três vezes o limite de álcool permitido no sangue quando causou um pequeno acidente — sem vítimas — na BR-101. "É irônico pensar que o volante bêbado não matou ninguém, mas talvez tenha custado a vida dele", comenta um vizinho.
O outro lado da moeda
A Secretaria de Justiça de SC garantiu que todos os procedimentos padrão foram seguidos. "Temos médicos de plantão 24h e equipamentos básicos", defendeu o porta-voz. Mas admite: "Nenhum sistema prisional está 100% preparado para emergências cardíacas".
Enquanto isso, o Conselho Regional de Odontologia prepara uma homenagem póstuma. "Era um profissional exemplar, que cometeu um erro grave", resume o presidente da entidade. Erro que, no fim das contas, pode ter selado seu destino.