Emoção e lágrimas marcam enterro do cabo Valdecir Bezerra em Jacareí, SP
Comoção no enterro do cabo Valdecir em Jacareí

O céu cinzento parecia ecoar o sentimento que pesava no ar. Na manhã desta sexta-feira (9), o Cemitério Parque da Saudade, em Jacareí, foi palco de uma despedida que arrancou lágrimas até dos mais fortes. Cabo Valdecir Bezerra, de 42 anos, vítima de um trágico acidente na BR-101, recebeu honras militares que fariam qualquer coração apertar.

Não era apenas um protocolo. Cada salva de tiros, cada gesto cerimonioso carregava histórias não contadas - aquele sorriso fácil que iluminava o quartel, a dedicação que ia além do dever. A viúva, envolta em silêncio e dor, segurava as mãos dos filhos como se fosse a última âncora no mar revolto.

O peso da farda vazia

Colegas de farda formavam uma fileira impecável, mas nenhuma disciplina militar conseguia esconder os olhos vermelhos. "Ele era daqueles que pegava turno extra sem reclamar", sussurrou um sargento, enquanto ajustava a bandeira brasileira sobre o caixão. Detalhes pequenos que doem grande.

Do lado de fora, curiosos paravam - alguns por respeito, outros pela atração mórbida que a morte sempre exerce. Um senhor de chapéu na mão comentava com a esposa: "Tão novo... a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, mas dessas que a gente queria devolver".

O acidente que mudou tudo

A BR-101, aquela faixa de asfalto que corta o país, virou cenário do pior pesadelo da família na última terça-feira (6). Testemunhas contam que o veículo do cabo perdeu o controle - talvez uma falha mecânica, talvez o cansaço de quem trabalhava demais. As investigações continuam, mas nada trará de volta o pai, o marido, o amigo.

No final, quando a última pá de terra cobriu o caixão, um silêncio diferente tomou conta. Daqueles que doem, mas também acalentam. A viúva recebeu a bandeira dobrada com mãos trêmulas - um símbolo pequeno para tanta dor grande. Jacareí perdeu mais um pedaço de sua história.