O sol ainda não havia nascido por completo quando um grupo de pessoas se reuniu no cruzamento onde tudo aconteceu. Flores, cartazes e velas pintavam o asfalto de dor e indignação. "Ela só estava pedalando para o trabalho", murmurava uma senhora, segurando a foto da vítima como quem protege um tesouro.
Na última quinta-feira, a vida de Maria (nome fictício para preservar a família) foi interrompida de forma brutal. Um juiz aposentado, segundo testemunhas, avançou o sinal vermelho e atingiu a ciclista com força suficiente para arremessá-la vários metros. O impacto? Fatal. O motorista seguiu como se nada tivesse acontecido - pelo menos até ser interceptado pela polícia algumas quadras adiante.
O grito por justiça que ecoa nas ruas
Ontem, o que começou como um pequeno grupo de amigos transformou-se em uma maré humana. Cerca de 300 pessoas - algumas nem conheciam a vítima - ocuparam a frente do fórum local. "Justiça não é privilégio, é direito", lia-se em um dos cartazes mais emblemáticos. Outros traziam fotos da ciclista sorridente, contrastando brutalmente com a frieza do caso.
- O motorista alegou "não ter visto" a vítima, apesar do dia claro e da ciclista usando colete refletivo
- Testemunhas afirmam que o condutor parecia estar acelerando, não freando
- Familiares descobriram que o acusado já teve outros incidentes no trânsito, todos "abafados"
"Isso aqui não é sobre vingança", explicou o irmão da vítima, com a voz embargada. "É sobre garantir que nenhuma outra família passe por isso. Se fosse um cidadão comum, já estaria preso." A multidão aplaudiu. Alguns choravam abertamente.
Um sistema que falha?
O caso reacendeu um debate antigo na cidade: a sensação de que alguns são "intocáveis". Nas redes sociais, os comentários fervilham. "Se fosse eu no lugar dele, já estaria algemado", escreveu um morador. Outros lembram casos similares que "sumiram" dos jornais.
Enquanto isso, a família aguarda. Aguarda respostas, aguarda ações, aguarda justiça. A ciclovia onde Maria pedalava pela última vez agora está coberta de mensagens. "Pedalaremos por você", prometem os amigos. Resta saber se o sistema fará sua parte.
