
Era pra ser mais um capítulo daquela história que parecia saída de um filme — uma jovem de Santa Catarina cruzando continentes num fusquinha azul, colecionando paisagens e sorrisos. Mas o destino, esse artista cruel, resolveu pintar o final com cores que ninguém esperava.
Numa curva qualquer da Rota 5, no norte do Chile, o Pop 100 que já havia rodado meio mundo encontrou seu último quilômetro. Dentro, duas vidas que se entrelaçavam pelo sangue e pela aventura: a catarinense de 27 anos — aquela mesma que virou celebridade das estradas ao documentar cada poeira do caminho — e sua tia, companheira de viagem nessa última jornada.
O acidente que calou uma história
Segundo as autoridades chilenas, o carro saiu da pista por volta das 14h de domingo. Não havia chuva. Não havia neblina. Apenas uma daquelas casualidades que a gente nunca consegue explicar direito, sabe? O fusca — resistente como sempre — até tentou proteger suas passageiras, mas o impacto foi forte demais.
"Ela me mandou mensagem no sábado dizendo que estavam perto de Antofagasta", conta uma amiga, a voz embargada. "Dizia que finalmente iam conhecer o deserto florido. Era o sonho dela."
Das redes sociais para a memória
Quem acompanhava o perfil @pop100pelmundo — com seus 58 mil seguidores — sabe: cada post era uma aula de como transformar o ordinário em extraordinário. A última foto? Uma selfie com o fusca em frente ao Pacífico, a placa de SC ainda lá, orgulhosa. Os comentários agora são um mosaico de lágrimas e corações partidos.
- Já havia passado por 14 países
- Documentou a viagem por 2 anos e 3 meses
- O Pop 100 foi comprado por R$ 6.500 em 2019
O Consulado Brasileiro em Santiago confirmou que está prestando assistência à família — que agora precisa trazer de volta não uma, mas duas vidas interrompidas no meio do caminho. Literalmente.
E o fusca? Bom, o fusca sobreviveu. Ironia das ironias, o velho guerreiro de lata azul — que deveria estar num museu da resistência — agora está num pátio policial no meio do Atacama. Inteiro. Pronto pra próxima aventura que nunca vai acontecer.