
Era pra ser mais um dia comum na movimentada BR-470, mas o destino pregou uma peça cruel. Por volta das 11h desta terça-feira (16), um choque violento entre dois veículos transformou a rodovia em palco de dor - e roubou duas vidas que irradiavam felicidade por onde passavam.
Ele, um homem de 42 anos que fazia sorrir até pedra. Ela, de 38, com um abraço que curava ressaca emocional. Juntos, eram aquela dupla que iluminava qualquer festa - do churrasco de domingo àquela reunião de condomínio que ninguém quer ir.
O acidente que calou risadas
Testemunhas contam que o carro do casal trafegava normalmente quando, num piscar de olhos, tudo virou caos. Um caminhão na contramão - ainda não se sabe por qual razão - colidiu frontalmente com o veículo. O impacto foi tão forte que os socorristas chegaram a tremer ao ver a cena.
"A gente conhecia eles há anos. Eram clientes fiéis do meu bar, sempre chegavam com histórias engraçadas", conta o comerciante João da Silva, com a voz embargada. "Agora o lugar vai ficar mais quieto, sem as risadas deles."
Vidas que inspiravam
Donos de uma pequena empresa de eventos, os dois transformavam trabalhos simples em experiências memoráveis. "Eles faziam aniversário de criança parecer festa de casamento rico", brinca uma amiga, antes de chorar.
Na rede social dela, a última postagem é irônica: um meme sobre "dirigir com cuidado". Na dele, fotos do último fim de semana na praia - sorrisos largos que agora são lembranças.
O Corpo de Bombeiros levou 40 minutos para conseguir retirar os corpos dos destroços. Enquanto isso, na cidade, o boletim corria de WhatsApp em WhatsApp, deixando um rastro de descrença. "Não pode ser eles", repetiam os amigos, como se a negação pudesse mudar os fatos.
O vazio que fica
A delegacia está investigando as causas exatas do acidente, mas já adianta: o caminhoneiro sobreviveu e presta depoimento. Enquanto a burocracia da morte segue seu curso, os parentes se agarram às lembranças.
"Eles não tinham filhos, mas eram pais de todos os sobrinhos", conta uma irmã, entre soluços. "No Natal, a casa deles era ponto de encontro. Agora..." A frase fica suspensa no ar, pesada como o silêncio que paira sobre a comunidade.
Na igreja local, velas acesas formam um mar de luzes. Na porta da empresa do casal, flores e bilhetes começam a se acumular. E na BR-470, a vida segue - mas para quem os conhecia, nada será como antes.