
Era pouco mais de 3h da madrugada quando o silêncio da BR-364 foi quebrado por um estrondo que ecoou por quilômetros. Duas carretas — uma delas carregada com soja, a outra vazia — se chocaram violentamente num trecho que os motoristas mais experientes chamam de "curva do diabo". O resultado? Uma cena digna dos piores pesadelos.
Segundo testemunhas — um grupo de vaqueiros que passava pelo local —, o primeiro caminhão derrapou na pista molhada (sim, tinha chovido naquela noite, coisa rara para agosto). O segundo, que vinha em alta velocidade, não teve tempo de frear. O impacto foi tão forte que até as vacas no pasto próximo se assustaram.
O horror das chamas
O que veio depois foi rápido e cruel. O tanque de combustível de uma das carretas rompeu-se, e em segundos as chamas engoliram a cabine onde um motorista de 47 anos — pai de três filhos, como soubemos depois — ainda tentava se libertar. Os bombeiros chegaram em 20 minutos (incrivelmente rápido para a região), mas já era tarde. "Quando a gente chegou, só restava o esqueleto do caminhão", contou um sargento, visivelmente abalado.
E sabe o que é mais absurdo? Esse é o terceiro acidente fatal nesse mesmo quilômetro só este ano. Os moradores locais já estão fazendo abaixo-assinado para instalar um radar — mas como tudo nesse país, a burocracia parece mais lenta que um caminhão carregado subindo serra.
As consequências
- A BR-364 ficou interditada por 7 horas, causando um engarrafamento de 12km (imagina o estresse dos motoristas!)
- O trecho já era conhecido como "roleta-russa" pelos caminhoneiros
- O sindicato dos motoristas prometeu protestos — "cansei de enterrar colega", disse o presidente
Enquanto isso, a família do motorista — que preferiu não revelar o nome até avisar todos os parentes — recebe a notícia em casa. Mais um nome na estatística cruel das estradas brasileiras, onde morre-se mais que em muitas guerras. E a pergunta que não quer calar: quando é que vamos levar a segurança no trânsito a sério?