
Parece um paradoxo, mas é a pura realidade: um trecho de apenas 40 km da BR-101, em Santa Catarina, mata mais do que 200 km da mesma rodovia no Sul do país. Os números são alarmantes e deixam qualquer um de cabelo em pé — e não é exagero.
Dados recentes mostram que, entre 2019 e 2023, essa pequena faixa da estrada foi palco de uma carnificina silenciosa. Enquanto isso, regiões extensas registram menos fatalidades. O que diabos está acontecendo ali?
O cenário que assusta
Esse pedaço da BR-101, que corta cidades como Palhoça e São José, virou um verdadeiro campo minado para motoristas. Curvas perigosas, falta de sinalização adequada e — pasme — até buracos que mais parecem crateras lunares. Tudo isso combinado cria uma receita perfeita para o desastre.
E olha que não é falta de aviso. Moradores da região já perderam as contas de quantas vezes alertaram as autoridades. "É como se jogassem uma roleta russa toda vez que saem de casa", desabafa um comerciante local, que prefere não se identificar.
Comparação que dói
Enquanto os 40 km catarinenses registraram 87 mortes no período, os 200 km analisados no Sul tiveram 72 óbitos. A matemática é cruel: proporcionalmente, o trecho de SC é quase seis vezes mais mortal. Seis vezes!
Especialistas em trânsito apontam três fatores principais:
- Volume absurdo de veículos — a rodovia é uma das mais movimentadas do país
- Falta de manutenção crônica (aqueles buracos não apareceram ontem)
- Comportamento arriscado dos motoristas, que insistem em ultrapassagens perigosas
E tem mais: muitos acidentes acontecem à noite, quando a visibilidade piora e o cansaço bate. Alguns trechos nem iluminação pública decente têm — é pedir para dar errado.
O que dizem as autoridades?
Ah, essa é boa. O DNIT promete melhorias "a médio prazo", enquanto os municípios jogam a responsabilidade uns para os outros. Enquanto isso, o povo continua morrendo. Literalmente.
Um engenheiro de tráfego, que pediu para não ser identificado, foi direto: "É negligência pura. Sabem do problema há anos e agem como se fosse normal". Forte, mas parece difícil discordar.
Enquanto as soluções não vêm — se é que vêm —, o jeito é redobrar a atenção ao passar por ali. Porque, convenhamos, ninguém quer virar estatística, certo?