
Parece até maldição. Em pleno século XXI, Boituva — aquela cidade do interior paulista famosa pelo voo livre — virou sinônimo de risco. Nove vidas perdidas em menos de 36 meses. Nove famílias destruídas. E um questionamento que não quer calar: até quando?
Os números assustam. Desde 2022, a cada quatro meses, em média, alguém morre praticando paraquedismo ou em acidentes envolvendo balões na região. Dá pra acreditar? A última vítima, um instrutor experiente, caiu de 3 mil metros sem que o paraquedas abrisse. "Foi como ver um pássaro que esqueceu de bater as asas", desabafou uma testemunha.
O que está por trás dessa escalada?
Conversamos com especialistas e descobrimos um coquetel explosivo:
- Fiscalização? Quase inexistente. Sabe aquela sensação de "terra sem lei"? Pois é...
- Equipamentos ultrapassados — tem paraquedas em uso que já deveriam estar em museus
- Empresas operando na marginalidade, cortando custos onde não deviam
- E o pior: turistas achando que voar é brincadeira de parque de diversões
O tenente-coronel da Polícia Militar, que preferiu não se identificar, foi direto: "Tem gente tratando risco de vida como se fosse filtro do Instagram — escolhe o ângulo bonito e torce para dar certo".
E os balões?
Ah, os balões... Essa tradição que teima em não morrer. Só no último ano, três incêndios florestais começaram por causa deles. Dois adolescentes morreram tentando resgatar um artefato preso em árvores — choque elétrico. "Era aniversário da cidade, todo mundo viu, ninguém fez nada", lamenta Dona Maria, 62 anos, vizinha de uma das vítimas.
O paradoxo é cruel: Boituva vive do turismo de aventura, mas está matando seus visitantes. O prefeito prometeu "medidas duras", mas até agora só vimos campanhas educativas — aquelas que ninguém lê. Enquanto isso, as empresas seguem lotando grupos de iniciantes como sardinhas enlatadas.
Fica o alerta: quer adrenalina? Melhor pensar duas vezes antes de escolher seu destino. Como dizem os mais antigos: "O barato pode sair caro demais".