
Era uma terça-feira como outra qualquer quando a vida de Maria da Silva, 47 anos, acabou de forma abrupta — e absurda. A auxiliar de limpeza, que mal tinha tempo pra respirar entre um turno e outro, caiu da moto na Marginal Tietê e não resistiu aos ferimentos. O que mais corta o coração? Ela nunca teve a chance de sentar num banco de escola.
"Tia Maria trabalhava desde os 9 anos", conta a sobrinha, visivelmente abalada, enquanto enrola um lenço entre os dedos. "Vendia bala no farol pra ajudar em casa. Quando adulta, varria escritórios antes do sol nascer." A voz dela engasga: "Era guerreira, mas o mundo não deu moleza".
O acidente que poderia ser evitado
Testemunhas dizem que tudo aconteceu num piscar de olhos — um desequilíbrio, a moto oscilando como barco em mar revolto, e depois... silêncio. O capacete? Tinha, mas não adiantou muito. O socorro até que foi rápido, mas já era tarde. (E pensar que naquela manhã ela só estava indo buscar pão...)
O que ninguém conta é que:
- O corredor entre os carros tava mais apertado que sapato pequeno
- Um caminhão fechou ela sem nem sinalizar
- O asfalto, cheio de buracos, parecia um queijo suíço
Vida roubada, sonhos interrompidos
Enquanto isso, nas redes sociais, a história viralizou — não pelos números frios do boletim de ocorrência, mas pela injustiça gritante. Maria, que mal sabia escrever o próprio nome direito, deixou três filhos e uma casa pela metade. "Ela tava juntando moedas pra fazer um curso de corte e costura", revela a irmã, entre soluços. "Queria ter um 'trabalho de gente', como dizia."
O caso reacendeu o debate sobre:
- Segurança viária nas marginais
- Transporte público precário que força trabalhadores a optar por motos
- Falta de oportunidades pra quem nasce na periferia
No velório, vizinhos se revezavam pra carregar o caixão — pesado não pelo corpo franzino, mas pelo tanto de sonhos não realizados que ia junto. "Dói pensar que ela nunca vai ver o neto que tá pra nascer", desabafa uma amiga, esfregando os olhos inchados.