
Imagine só: você está rolando tranquilamente o feed do Instagram, naquela busca despretensiosa por memes e fotos de férias, quando de repente se depara com algo de cortar o coração. Uma cena de caos. Vidros estilhaçados, metal retorcido… era exatamente o carro do seu parente. Foi assim, num piscar de olhos digital, que uma família de Piracicaba teve o dia transformado em um pesadelo.
O palco dessa tragédia foi a movimentada SP-304, nesta terça-feira (2). Três veículos se envolveram em uma colisão daquelas que a gente nunca espera que aconteça com a gente. A notícia, ao invés de chegar por uma ligação tradicional da polícia ou de um hospital, simplesmente pipocou na tela do smartphone. Alguém postou imagens do acidente – a vida real invadindo a timeline sem a menor cerimônia.
O desespero foi instantâneo. Coração disparou, as mãos tremeram. A primeira reação? Ligar desesperadamente para o número da pessoa amada que você sabe que estava naquela estrada. O toque parece durar uma eternidade. Cada segundo é uma agonia. Até que, do outro lado, a voz. Aliviada? Assustada? Sim, tudo isso ao mesmo tempo.
Uma das mulheres que viveu este susto de cinema contou todo o desabafo. Ela recebeu a ligação aflita de um familiar que já tinha visto tudo nas redes. “É o carro dele! Eu vi no Instagram!”. Pronto. Foi o suficiente para o mundo desabar. Sorte que, neste caso, o aviso chegou a tempo de confirmar que, apesar do susto, seu marido estava são e salvo. Mas e se não estivesse? O trauma de descobrir uma notícia dessas por um stories é algo para o qual ninguém está preparado.
Os detalhes do acidente em si ainda são um quebra-cabeça sendo montado pelas autoridades. O que se sabe é que foi feio. Três carros, uma via de alto fluxo, e aquele cenário de destruição que todos nós, que já dirigimos, tememos profundamente. O fato aconteceu por volta das 16h, horário em que o tráfego já começa a ficar mais complicado.
E isso nos joga numa reflexão meio ácida, não é mesmo? Vivemos numa era em que a notícia corre mais rápido que o protocolo. Antes mesmo dos bombeiros conseguirem organizar o resgate, a imagem já está viralizando. É um progresso tecnológico amargo, que mistura alívio e angústia numa dose difícil de digerir.
O sentimento que fica é de uma vulnerabilidade brutal. Nossas maiores dores podem ser, literalmente, postadas, curtidas e compartilhadas por desconhecidos antes mesmo de a gente tomar ciência delas. A rodovia já foi liberada, a vida seguiu para a maioria dos motoristas. Mas para essas famílias, o baque emocional de ter descoberto tudo por uma tela vai ecoar por muito, muito tempo.