Imagine sair para pedalar num dia comum e nunca mais voltar para casa. Essa foi a realidade cruel para mais de 15 mil brasileiros nos últimos dez anos. Os números são de cortar o coração - e o pior? A maioria dessas tragédias poderia ter sido evitada.
Enquanto as cidades brasileiras continuam crescendo de forma desordenada, quem anda de bike vive numa espécie de roleta-russa diária. Falta de ciclovias adequadas, motoristas desatentos e uma cultura que ainda trata a bicicleta como "coitadinha" no trânsito criam o cenário perfeito para o desastre.
O retrato de uma guerra silenciosa
São Paulo lidera esse triste ranking, mas nenhuma capital brasileira escapa ilesa. Conversamos com o especialista em mobilidade urbana Carlos Mendonça, que não mede palavras: "É um massacre anunciado. Todo dia saem notícias de novos acidentes, mas parece que ninguém está realmente vendo".
Os dados mostram que:
- 72% dos acidentes ocorrem durante o dia
- As colisões com automóveis representam 58% dos casos
- A falta de iluminação noturna contribui para 30% das fatalidades
E aqui vai um dado que vai te deixar com os cabelos em pé: em 40% dos casos, os motoristas sequer param para prestar socorro. Sim, você leu certo.
O que está sendo feito? Quase nada
Enquanto países europeus investem pesado em infraestrutura cicloviária, o Brasil parece patinar no mesmo lugar. Algumas cidades até tentam - Salvador inaugurou 15km de ciclovias no ano passado, mas esqueceu da manutenção básica.
"É como dar um colete salva-vidas furado", brinca (sem graça) a ativista Mariana Lopes, que perdeu o irmão num acidente em 2019. "A gente precisa de educação no trânsito, de respeito, não só de pintura no asfalto."
O que mais revolta os especialistas? Muitas dessas mortes acontecem em vias onde já foram identificados pontos críticos. Ou seja: sabem onde vai acontecer, mas não fazem nada até que alguém perca a vida.
E você, já parou pra pensar quantos ciclistas cruzam seu caminho diariamente? Será que estamos todos fazendo nossa parte para mudar essa história?
