
Imagine enxergar o mundo como se estivesse sempre atrás de um vidro embaçado. É assim que centenas de moradores de Americana vivem enquanto esperam na fila por cirurgias oftalmológicas — algumas há mais de 24 meses. Um verdadeiro descaso que virou pauta na Câmara Municipal.
O vereador Marcelo Gaspar (PL) — sim, aquele que nunca fica calado quando o assunto é saúde — soltou o verbo durante sessão extraordinária. "Isso aqui tá virando um circo, e o povo é o palhaço", disparou, mostrando documentos que comprovam: pacientes com indicação médica urgente estão sendo deixados de lado.
Números que doem nos olhos
A Secretaria de Saúde — que insiste em dizer que "tudo está sob controle" — esquece de mencionar:
- 147 pessoas aguardando por cirurgia de catarata (algumas desde 2022!)
- 86 casos de pterígio — aquela "carninha" no olho que avança feito praga
- Média de espera: 18 meses (quando o recomendado é no máximo 6)
E o pior? Nem sequer existe um sistema de priorização claro. "Tá todo mundo no mesmo saco, seja vovó de 80 anos ou trabalhador que não enxerga o painel do ônibus", denuncia Dona Maria, 72, que já perdeu duas consultas marcadas — "só descobri quando cheguei lá e o posto tava fechado".
O jogo de empurra-empurra
Enquanto isso, a prefeitura joga a culpa no SUS. O SUS diz que repassa verba direitinho. E os pacientes? Esses viram estatística. O vereador já avisou: "Se não tiver resposta até agosto, a gente vai ter que bater na porta do Ministério Público".
Ah, e tem mais! Os poucos sortudos que conseguem vaga são obrigados a aceitar horários absurdos — tipo 5h30 da manhã — porque "é quando tem vaga no hospital conveniado". Convenhamos: idoso pegando Uber de madrugada pra fazer cirurgia não é exatamente o retrato de uma saúde digna.
Será que esse descaso todo tem a ver com 2024 ser ano eleitoral? Fica a dúvida no ar...