Não é todo dia que a gente para pra pensar como a dor alheia pode se transformar num problema de saúde pública — mas em Salvador, mais precisamente no bairro de Paripe, é exatamente isso que tá acontecendo.
Um senhor, que prefere não ser identificado, vem acumulando montanhas de entulho dentro e fora de casa desde que perdeu a esposa. E não é pouco não: são móveis velhos, eletrodomésticos quebrados, sacos de lixo… uma situação que, de longe, já preocupa.
Os vizinhos — uns mais comprensivos, outros nem tanto — relatam que a coisa começou discreta, mas foi piorando. Muito piorando. E agora? Agora tem até risco de infestação de ratos e insetos, sem falar no cheiro, que dependingo do vento, toma conta da rua inteira.
Não é falta de aviso
A prefeitura já foi acionada. Mais de uma vez, inclusive. E olha que a Subsecretaria de Serviços Públicos (Subsep) até tentou contato, mas esbarrou na resistência do morador. Ele não quer ajuda — ou pelo menos não acredita que precise dela.
É aquela coisa: como convencer alguém que tá afundando na própria tristeza de que existem formas de seguir em frente?
Solidariedade versus preocupação
Alguns moradores da região até tentam ajudar, oferecem comida, conversa, um jeito de distrair a cabeça. Mas a verdade é que a paciência também tem limite — e o medo de que a situação vire um caso de dengue ou de incêndio é real.
Ninguém quer ver o pior acontecer. Mas ninguém quer crucificar um homem que claramente ainda está de luto.
E aí, como equilibrar a empatia com a necessidade urbana? Como agir quando a linha entre a compaixão e o risco social fica tão tênue?
Uma coisa é certa: casos como esse mostram como a saúde mental ainda é um tabu — e como a falta de suporte adequado pode transformar uma tragédia íntima num problema de toda uma comunidade.
Será que as autoridades vão conseguir agir a tempo — e com sensibilidade?
