
Imagine um bebê que cabe na palma da sua mão, lutando pela vida numa incubadora. Agora pense que um simples gesto seu poderia ser sua salvação. Em Marília, essa realidade está mais crítica do que nunca - os bancos de leite humano estão praticamente secos.
Os números assustam: apenas 30 doadoras ativas para abastecer todas as UTIs neonatais da região. "É como tentar apagar um incêndio com um conta-gotas", desabafa a coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital das Clínicas, Maria Fernanda Rodrigues.
Por que tanta urgência?
O leite materno não é só alimento - é remédio. Para prematuros extremos (aqueles que nascem com menos de 1kg), cada gota significa:
- 75% menos risco de enterocolite necrosante (uma infecção intestinal grave)
- Proteção contra septicemia
- Melhor desenvolvimento cerebral
E olha que curioso: enquanto algumas mulheres têm leite sobrando (literalmente congelando potes em casa), outras mães choram por não poder amamentar seus bebês internados. Uma disparidade que dói.
Como ajudar?
Se você está amamentando, mesmo que pouco, pode ser uma heroína. O processo é mais simples do que parece:
- Ligue para o Banco de Leite mais próximo - eles vão até sua casa!
- Receba o kit de coleta esterilizado (sem custo algum)
- Extraia o leite quando se sentir confortável (nada de horários rígidos)
- Guarde na geladeira por até 10 dias ou no freezer por 6 meses
"Mas meu leite é fraco" - já ouviu isso? Mito! Todo leite materno é perfeito para bebês prematuros. Até 50ml por dia fazem diferença.
Ah, e tem mais: as doadoras recebem acompanhamento nutricional e até ajuda com problemas de amamentação. Quem doa, ganha em dobro.
Enquanto isso, nas UTIs, cada frasco de leite é tratado como ouro líquido. "Quando chega uma nova doação, é como ganharmos o maior presente", conta uma enfermeira que prefere não se identificar. Presente esse que, hoje, está em falta.