Cannabis medicinal: Unicamp e Conselho de Farmácia pressionam Anvisa por ampliação de uso
Unicamp e farmacêuticos pedem ampliação do uso de cannabis medicinal

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) estão pressionando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ampliar o uso medicinal da cannabis no Brasil. A proposta inclui desde xaropes infantis até produtos com maior concentração de tetraidrocanabinol (THC), um dos principais compostos da planta.

Por que a ampliação é necessária?

Segundo os especialistas, a atual regulamentação da Anvisa limita o acesso a tratamentos eficazes para diversas condições de saúde. "Há evidências científicas robustas que comprovam os benefícios da cannabis em casos de epilepsia refratária, dor crônica e até autismo", afirma um dos pesquisadores envolvidos no movimento.

Os principais pontos da proposta:

  • Inclusão de xaropes infantis à base de cannabis para tratamento de convulsões.
  • Liberação de produtos com maior concentração de THC para dores severas.
  • Simplificação do processo de importação e registro de medicamentos.
  • Expansão das indicações terapêuticas reconhecidas.

O debate sobre o THC

Enquanto o canabidiol (CBD) já é amplamente aceito no meio médico, o THC ainda enfrenta resistência devido ao seu potencial psicoativo. No entanto, os pesquisadores argumentam que, em dosagens controladas, o composto pode ser essencial para o alívio de sintomas em pacientes com doenças graves.

"Precisamos desmistificar o THC. Ele não é um vilão quando usado corretamente", defende uma farmacêutica integrante do CRF-SP. "Muitos pacientes só respondem ao tratamento com a combinação de CBD e THC."

Próximos passos

A Anvisa deve analisar o pedido nos próximos meses. Enquanto isso, os defensores da causa planejam campanhas de conscientização para mostrar à sociedade os benefícios da cannabis medicinal.

"Estamos falando de qualidade de vida para milhares de brasileiros", resume um dos pesquisadores. "Não podemos deixar que preconceitos atrapalhem o acesso a tratamentos que já salvam vidas em outros países."