Numa época onde filtros e padrões de beleza dominam as redes, uma goiana de 24 anos está virando o jogo. Com fios prateados que mais parecem obra de estilista - mas são, na verdade, herança genética -, ela transformou o que muitos chamariam de 'defeito' em seu maior trunfo.
"No começo foi um baque", admite a jovem, que preferiu não revelar o nome completo. "Aos 18, quando os primeiros fios brancos apareceram, pensei que era estresse da faculdade. Até o diagnóstico: uma condição rara que acelera o embranquecimento."
Da vergonha ao empoderamento
O caminho até a aceitação? Nada linear. "Gastei fortunas em tinturas, chorava antes de eventos importantes", confessa. O ponto de virada veio durante a pandemia - aquela época estranha onde todo mundo repensou a vida. "Um dia, cansada das raízes aparecendo toda semana, resolvi encarar o espelho. E sabe o que vi? Alguém única."
As primeiras fotos sem maquiagem e com os fios naturais causaram frisson. "Recebi mensagens de pessoas com vitiligo, alopecia, outras condições... Gente que também se escondia." Foi aí que a goiana percebeu: seu visual diferente podia ser farol para outros.
O movimento nas redes
Hoje, seus posts sobre autoestima - cheios de dicas práticas e doses generosas de humor - viralizam regularmente. "Mostro o lado bom: nunca mais gastei com tintura!", brinca. Mas o recado sério fica: "Aprendi que beleza não tem manual. Minhas madeixas prateadas? São minha história escrita a céu aberto."
Especialistas ouvidos pelo G1 confirmam: condições como a dela afetam menos de 1% da população. "O importante é descartar causas médicas", alerta uma dermatologista. Depois? "Aceitação e cuidados específicos fazem toda diferença."
Enquanto isso, nossa musa dos fios de prata planeja lançar um e-book. "Quero ajudar outros a se enxergarem com gentileza", sonha. Se depender dos comentários emocionados que recebe diariamente - muitos de adolescentes aprendendo a amar seus traços únicos -, ela já está fazendo história. Uma mecha de cada vez.
