
Não é todo dia que alguém tem coragem de falar sobre as cicatrizes que a vida deixa. Mas Tati Machado, aquela apresentadora que todo mundo adora pela simpatia e energia contagiante, decidiu que era hora de quebrar o silêncio. E fez isso com uma honestidade que arrancou lágrimas até dos mais durões.
Sentada ali, no estúdio do Fantástico, ela parecia frágil e forte ao mesmo tempo. "A gente acha que sabe o que é dor até a vida nos dar um soco no estômago", começou, com aquela voz que agora carregava um peso diferente. Os olhos marejados contavam mais que mil palavras.
O dia que virou o mundo de cabeça para baixo
Lembra daquela manhã de julho? Nem parece que já faz um ano. Tati estava radiante - gravidez ia bem, planos sendo feitos, sonhos sendo costurados com linhas coloridas. Até que... Bem, até que o inesperado bateu à porta sem avisar.
"Foi como se alguém tivesse desligado todas as luzes de repente", descreve ela, com as mãos tremendo levemente. "Você passa meses imaginando sorrisos, primeiros passos, cheiros de bebê... E de uma hora pra outra, tudo vira poeira."
O luto que ninguém vê
O que mais dói, segundo ela, são as pequenas coisas. "As pessoas perguntam 'tá tudo bem?' esperando ouvir um 'sim' automático. Mas a verdade é que nada está bem. E tá tudo bem não estar bem, saca?"
Foram meses de terapia, choro no banho, noites em claro revirando o "e se". Mas também de redescoberta. "Aprendi que luto não é linha reta. Alguns dias você acorda conseguindo sorrir. Outros, mal consegue sair da cama. E tudo isso é válido."
Renascer das cinzas
Hoje, Tati fala sobre resiliência com a propriedade de quem foi despedaçada e se reconstruiu. "Não superei, sabe? A gente não supera. Aprende a conviver com a falta."
E tem aquela frase que virou seu mantra: "Um dia de cada vez". Parece clichê? "Pode até ser, mas foi o que me salvou", ri ela, com um riso que agora tem camadas de dor e esperança misturadas.
No final da entrevista, uma revelação que deixou todo mundo emocionado: "Essa criança que partiu cedo me ensinou mais sobre amor e perda do que qualquer livro poderia. E eu carrego isso comigo, sempre."