Tati Machado e Bruno Monteiro abrem o coração sobre a dor da perda do bebê Rael
Tati Machado e marido falam sobre perda do bebê Rael

Ninguém está preparado para o vazio que fica. Tati Machado e Bruno Monteiro sabem disso melhor do que qualquer um — a dor de perder um filho é como um terremoto que não avisa quando vai chegar. E quando bate, arrasa tudo.

Pela primeira vez desde que o pequeno Rael partiu, o casal decidiu falar. Não por exposição, mas porque, como Tati mesma diz entre lágrimas, "às vezes a gente precisa botar pra fora pra conseguir respirar de novo".

O silêncio que doía

Nos primeiros dias, conta Bruno, era como se o mundo tivesse desligado o som. "Você olha pro berço vazio e parece que até o ar some. A gente ficou meses sem conseguir dizer o nome dele em voz alta".

E não foi falta de apoio — amigos, família, fãs. Mas tem certas dores que simplesmente não cabem em palavras prontas. "Quando as pessoas diziam 'vai passar', a gente só conseguia pensar: mas eu não quero que passe. Esquecer seria trair ele", desabafa Tati.

Os cacos que sobraram

Reconstruir a rotina foi... complicado. Bruno lembra de dias em que saía pra trabalhar e voltava duas horas depois, sem conseguir se concentrar. Tati passou a escrever cartas — "pra ele, pra mim, pro universo. Até pro médico que não conseguiu salvá-lo".

  • O quarto montado com tanto amor ficou intocado por 8 meses
  • As roupinhas que já estavam lavadas ainda cheiram a amaciante novo
  • A última ecografia está na carteira dela até hoje

E aí veio o dilema: guardar ou doar os pertences? "Doar parecia uma heresia, mas guardar era como viver num museu da nossa própria tragédia", confessa Bruno.

Quando o amor vira âncora

O que salvou mesmo foi o jeito peculiar que cada um encontrou pra lidar com a ausência. Enquanto Tati mergulhou num projeto social pra mães enlutadas, Bruno começou a correr — "até a exaustão, até não aguentar mais pensar".

E o casamento? "Virou nosso bunker", define ela. "Tem horas que um segura o outro como se fosse o último pedaço de terra firme no meio de um tsunami".

Dizem que o tempo cura. Mentira. O que o tempo faz é ensinar a carregar o peso sem desmoronar — e esses dois estão aprendendo na marra.