O auditório da Universidade Federal do Piauí (UFPI) viveu nesta sexta-feira (19) um daqueles momentos que ficam gravados na memória — e não só pelos discursos formais. A família de Janaína Bezerra, estudante que faleceu antes de concluir o curso, recebeu das mãos dos professores um diploma simbólico que fez todos os presentes arrancarem lenços.
"A gente sentia ela ali, sabe?", contou a irmã, com a voz embargada, enquanto segurava o pergaminho como quem abraça uma lembrança frágil. "Ela estudou tanto por isso..."
Mais que um pedaço de papel
O reitor, visivelmente comovido, fez questão de destacar que aquela cerimônia fugia dos protocolos habituais. "Isso aqui não é só burocracia acadêmica", afirmou, ajustando os óculos. "É o reconhecimento de uma trajetória interrompida antes da hora."
Entre os colegas de turma — muitos com os olhos vermelhos —, histórias sobre a dedicação de Janaína aos estudos surgiam como flashes de memória:
- A madrugada inteira na biblioteca revisando trabalhos
- Os cadernos meticulosamente organizados (até as anotações tinham código de cores)
- A paciência de explicar a mesma equação cinco vezes seguidas
"Ela merecia estar aqui hoje, recebendo isso pessoalmente", lamentou uma amiga, enxugando as lágrimas com a manga da beca. "Mas sei que de algum modo ela está vendo."
O peso simbólico
Psicólogos presentes ao evento explicaram que rituais assim — embora dolorosos — ajudam no processo de luto. "Dá concretude à perda", comentou uma especialista, observando a cena. "E permite que a comunidade acadêmica compartilhe a dor que antes era só da família."
No final, quando todos achavam que a emoção já tinha atingido seu ápice, aconteceu o inesperado: a turma inteira se levantou e, em coro, dedicou o juramento profissional à colega ausente. Difícil encontrar um olho seco no recinto depois disso.
