
Imagine uma árvore genealógica tão frondosa que nem caberia num papel A3. Pois é exatamente assim que vive dona Maria, 87 anos — uma matriarca que, quando junta a família toda, precisa alugar um salão de festas. E olha que não é exagero: são 27 netos, 50 bisnetos e 12 tataranetos (sim, você leu direito).
Nesta sexta-feira (26), enquanto o Brasil celebra o Dia dos Avós, ela recebeu a equipe do G1 entre fotos amareladas e álbuns transbordando de memórias. "Minha casa parece terminal de ônibus nas férias escolares", ri, mostrando a prateleira abarrotada de presentes de aniversário.
O segredo? Farinha, feijão e muita confusão
Nascida e criada em Santos, litoral paulista, dona Maria atribui sua vitalidade à rotina simples: "Acordo com o sol, tomo café vendo o mar e deixo a porta aberta — sempre tem um neto precisando de conselho ou comida". Entre uma xícara de café e outra, revela que nunca usou calculadora para contar os aniversários: "Tenho uma lista no caderno de receitas, mas já errei três vezes esse mês".
Curiosamente, sua família se espalha por quatro estados — do neto advogado em São Paulo à bisneta bailarina no Rio. "No Natal, a janta parece aqueles filmes americanos, só falta o peru voando", brinca, mostrando o WhatsApp com 15 grupos familiares ativos.
Festa de arromba (e de gerações)
O último encontro geral — em maio — reuniu 89 pessoas. "A vizinhança achou que era show gospel", diverte-se. A organização? Uma verdadeira operação de guerra:
- 3 mesas de doces
- 5 assados simultâneos
- 2 netas designadas como "controladoras de brigas infantis"
Mas nem tudo são flores. Com tanta gente, as lembranças às vezes se embaralham: "Já dei parabéns pra mesma bisneta duas vezes... Ela ficou sem graça, mas aceitou o segundo presente".
"Netos de netos": o desafio dos tempos modernos
Se antigamente as receitas passavam de geração em geração, hoje o desafio é outro: ensinar os tataranetos a desligarem os vídeos curtos. "Minha bisneta de 4 anos me mostrou um TikTok antes de mostrar o desenho da escola", conta, entre perplexa e orgulhosa.
Questionada sobre qual geração prefere, responde rápido: "Todas, mas os bisnetos são mais divertidos — ainda acreditam quando falo que geladeira era armário mágico nos meus tempos".
E o futuro? Dona Maria já tem planos: "Quero ver meu primeiro trineto. E se Deus quiser, vou embalar ele com a mesma cantiga que embalei a avó dele". A reportagem saiu de lá com uma certeza: alguns privilégios não têm preço.