
Imagine um exército microscópico trabalhando 24 horas por dia para proteger a população. É mais ou menos isso que começa a acontecer em Presidente Prudente, onde acaba de ser inaugurada uma biofábrica que parece saída de um filme de ficção científica - só que real.
A nova unidade vai produzir ovos do mosquito Aedes aegypti com uma diferença crucial: eles carregam a bactéria Wolbachia, um verdadeiro "escudo biológico" contra vírus como dengue, zika e chikungunya. Quando esses mosquitos modificados são soltos na natureza e se reproduzem, acabam criando uma barreira natural contra as doenças.
Como funciona essa tecnologia?
Parece mágica, mas é pura ciência:
- A Wolbachia vive naturalmente em 60% dos insetos do mundo - mas não no Aedes
- Quando introduzida no mosquito, ela age como uma "vacina" que bloqueia a multiplicação dos vírus
- Os mosquitos com Wolbachia se reproduzem e passam a bactéria para as novas gerações
"É como se a natureza tivesse criado sua própria solução, e nós só estamos dando uma ajudinha", explica um dos pesquisadores envolvidos, com um sorriso que denota tanto orgulho quanto alívio.
Impacto na saúde pública
Os números são impressionantes: onde a técnica foi aplicada, caiu em até 75% os casos de dengue. Em Presidente Prudente, a expectativa é que a biofábrica produza inicialmente 10 milhões de ovos por semana - suficientes para proteger uma cidade de 300 mil habitantes.
E o melhor? A Wolbachia é inofensiva para humanos, animais e até para o próprio mosquito. "É uma daquelas raras situações onde todo mundo sai ganhando", comenta uma moradora local, enquanto observa a construção da nova unidade.
O projeto faz parte de uma estratégia global da World Mosquito Program, que já atua em 12 países. Aqui no Brasil, além de Presidente Prudente, apenas o Rio de Janeiro e Niterói possuem biofábricas similares.
Enquanto isso, os moradores da região torcem para que os pequenos mosquitos modificados façam um grande trabalho. Afinal, como diz o ditado, contra fatos (científicos) não há argumentos.