
Imagine um exército microscópico de mosquitos do bem sendo produzido em larga escala para proteger a população. Parece ficção científica, mas é realidade em Presidente Prudente desde esta sexta-feira (23).
A nova biofábrica — primeira do tipo na região — vai bombear semanalmente milhares de Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. Esses insetos modificados são incapazes de transmitir vírus como dengue, zika e chikungunya. Genial, não?
Como funciona essa mágica da ciência?
O segredo está na Wolbachia, uma bactéria que naturalmente habita cerca de 60% dos insetos do mundo — mas não o Aedes. Quando introduzida neles, ocorre um fenômeno chamado "bloqueio viral":
- Mosquitos com Wolbachia têm dificuldade de replicar vírus em seu organismo
- Quando cruzam com mosquitos selvagens, passam a bactéria para as próximas gerações
- Com o tempo, a população local se torna menos perigosa
"É como se criássemos uma barreira biológica", explica o biólogo responsável, enquanto mostra os laboratórios de última geração. Os insetos são produzidos aqui mesmo, em condições controladas, antes de serem liberados estrategicamente.
Por que Presidente Prudente?
A cidade não foi escolhida por acaso. Com índices alarmantes de arboviroses nos últimos anos — quem nunca ficou de cama com dengue? —, o município se tornou campo ideal para testar soluções inovadoras.
E olha que interessante: a técnica já reduziu em até 77% os casos de dengue em Niterói (RJ), onde foi implementada antes. Será que teremos o mesmo sucesso por aqui?
Os primeiros mosquitos "do bem" devem começar a circular dentro de 2 meses. Enquanto isso, a prefeitura reforça: "Isso não substitui cuidados básicos — eliminar água parada ainda é fundamental".
Fica a dúvida no ar: será que daqui a alguns anos vamos lembrar dos surtos de dengue como coisa do passado? A ciência está dando seu melhor para que sim.