
Numa operação que parece saída de um roteiro de filme policial, a Polícia Federal desbaratou nesta terça-feira (16) um esquema que mantinha paraguaios em condições que beiram o inacreditável. Não era ficção: homens viviam como prisioneiros em fábricas ilegais de cigarros, trabalhando até a exaustão.
Segundo agentes que participaram da ação, o cenário era desumano — dormitórios improvisados, falta de higiene básica e jornadas que ultrapassavam 14 horas diárias. "Parecia mais um campo de trabalho forçado do que um ambiente de produção", relatou um delegado, ainda visivelmente abalado.
Rede criminosa internacional
O que mais chocou os investigadores foi a sofisticação da operação criminosa:
- Vítimas recrutadas no Paraguai com falsas promessas de bons salários
- Documentos retidos pelos aliciadores
- Rotatividade constante para evitar denúncias
Não era um caso isolado, mas parte de uma rede que se estende por fronteiras. "Esses criminosos tratam seres humanos como mercadoria descartável", disparou o superintendente regional da PF.
Condições que envergonham
Os relatos são de cortar o coração:
- Trabalhadores dividiam um único banheiro imundo
- Alimentação precária — quando havia
- Amontoados como gado em alojamentos sem ventilação
Um dos resgatados, que pediu para não ser identificado, contou em voz baixa: "Eles diziam que se fugíssemos, nossa família no Paraguai sofreria as consequências".
Agora, os imigrantes recebem atendimento humanitário enquanto a PF rastreia os mandantes dessa trama que mancha nossa sociedade. O Ministério Público já fala em ação civil pública por danos morais coletivos.
Enquanto isso, uma pergunta fica no ar: quantos outros casos como esse ainda passam despercebidos pelo país?