
Não deu mais para segurar a bronca. Na manhã desta quinta-feira (11), as ruas do Centro de João Pessoa viraram palco de um protesto que já estava engasgado na garganta de muita gente. Funcionários da FUNDAC — aqueles mesmos que viram de perto a realidade crua de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade — decidiram botar o bloco na rua. E não foi passeio.
O clima? Tenso, mas determinado. Segurar panfleto com uma mão e a esperança com a outra, eles ocuparam a frente da sede da fundação com um coro que ecoava mais do que simples palavras: era o som da resistência de quem se sente invisível. "É um descaso que vem de anos, uma falta de respeito com nossa categoria", soltou uma servidora, com a voz embargada de tanto emotion mas nenhum arrependimento.
O que está por trás da revolta?
O buraco é mais embaixo — e todo mundo sabe. Os salários estão congelados há tempos, enquanto o custo de vida dispara feito foguete no céu de São João. Imagina você trabalhar diariamente com o que há de mais delicado na sociedade, com jovens que dependem de seu cuidado, e não ter condições dignas de sustentar sua própria família? Pois é.
Não se trata apenas de números num contracheque. É cansaço. É desgaste emocional. É a sensação de que o poder público simplesmente ignora quem está na linha de frente, há anos, segurando as pontas de um sistema que, sem esses profissionais, desmorona.
E agora, o que esperar?
Os manifestantes prometem que isso é só o começo. Se não houver resposta — e resposta rápida —, a tendência é que a mobilização aumente. Greve? Não está descartada. A categoria avisa: não vão baixar a cabeça. Não desta vez.
Enquanto isso, a cidade parou para ver. E ouvir. Porque quando quem cuida do futuro exige respeito, não tem como não escutar.