Operação resgata mais de 500 pessoas em obra de MT: suspeita de tráfico humano e condições análogas à escravidão
500 resgatados em MT: obra com condições análogas à escravidão

Era pra ser mais um dia normal naquela obra faraônica no coração do Mato Grosso. Mas o que as autoridades encontraram ali deixou até os mais experientes de cabelo em pé. Mais de 500 almas, todas com histórias parecidas de promessas não cumpridas e condições que beiram o inacreditável no século XXI.

Segundo fontes próximas ao caso — que preferiram não se identificar —, os trabalhadores viviam em alojamentos improvisados que mais pareciam armazéns abandonados. Banheiros? Quase inexistentes. Comida? Ração de guerra. E o pior: muitos estavam lá há meses sem ver um centavo do prometido.

O esquema que virou pesadelo

Parece saído de um roteiro de filme noir, mas é pura realidade. Os "recrutadores" agiam como verdadeiros caçadores de ilusões, garimpando mão de obra em regiões pobres do Nordeste e Norte do país. Prometiam o céu na terra: salários gordos, benefícios e até ajuda com documentação.

Chegando no local, a realidade era outra completamente diferente. Documentos retidos, dívidas inventadas e aquele velho discurso do "você me deve, então vai trabalhar até pagar". Tática velha, mas que ainda cola em pleno 2025.

As vozes do silêncio

Conversamos com alguns dos resgatados (que pediram para não ter os nomes divulgados). Um deles, um senhor de 58 anos que parecia ter 80, contou entre lágrimas: "Fiquei 11 meses sem receber. Quando reclamava, diziam que eu devia pelo transporte e alimentação". Outro, mais jovem, relatou ameaças constantes caso tentasse deixar o local.

E não pense que isso acontecia num lugar escondido no meio do nada. A obra fica numa área relativamente movimentada — o que levanta questões sobre como um esquema desses funcionou por tanto tempo sem chamar atenção.

O que dizem as autoridades?

O Ministério Público do Trabalho já classificou o caso como um dos mais graves dos últimos anos na região. "Estamos diante de indícios claros de redução à condição análoga à escravidão e possível tráfico interno de pessoas", afirmou um procurador durante coletiva.

Enquanto isso, os responsáveis pela obra — uma construtora de médio porte com projetos em vários estados — se defendem. Alegam desconhecimento sobre as condições e prometem colaborar com as investigações. Conveniente, não?

O caso agora segue em pelo menos três frentes: trabalhista, criminal e de direitos humanos. E algo me diz que essa história ainda vai dar muito pano pra manga nos próximos meses.