
Numa reação que mistura indignação e firmeza, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, saiu em defesa do programa Mais Médicos nesta quarta-feira (14). O motivo? Os Estados Unidos resolveram atacar a iniciativa brasileira — e ainda revogaram vistos de profissionais cubanos que atuam no país.
"Isso aqui não é jogo político, é vida de gente", disparou Padilha, com aquele tom de quem já cansou de explicar o óbvio. Segundo ele, o programa — que completa 12 anos em 2025 — já levou atendimento médico a mais de 63 milhões de brasileiros em municípios que "o mercado nunca quis saber".
O que os EUA fizeram?
Do outro lado do hemisfério, o governo americano aprovou uma medida que corta vistos de médicos cubanos que trabalham no Brasil. A justificativa? Alegam que o programa seria "forma de financiamento ao regime de Havana" — como se cuidar de pacientes em Roraima ou no sertão da Bahia fosse crime internacional.
Padilha não perdeu tempo: "Enquanto discutem geopolítica, nossos médicos cubanos estão fazendo parto em aldeias indígenas e salvando diabéticos em quilombos". Dados do Ministério mostram que 82% dos municípios com Mais Médicos nunca tinham tido um médico residente antes do programa.
E agora?
O ministro garante que os vistos revogados não afetarão o funcionamento do programa — pelo menos por enquanto. "Temos acordos bilaterais sólidos", explica, lembrando que muitos profissionais já renovaram seus documentos. Mas a tensão diplomática preocupa: cerca de 1.200 médicos cubanos ainda dependem dessa autorização.
Curiosamente, a medida americana surge num momento delicado: o Brasil discute justamente a expansão do Mais Médicos para áreas de fronteira e periferias urbanas. "Vamos continuar, com ou sem aval de Washington", ressalta Padilha, enquanto ajusta os óculos com aquele jeito característico de quem não vai recuar.
Nos bastidores, a estratégia parece clara: transformar a crítica internacional em argumento para fortalecer o programa. Afinal, como diz um velho ditado político, "não há propaganda melhor do que a inimiga".