
Era para ser um alívio, mas virou um suplício. Enquanto a Advocacia-Geral da União (AGU) pede mais tempo ao Supremo Tribunal Federal para criar as regras do cultivo caseiro de cannabis medicinal, quem depende do tratamento vive dias de pura apreensão. A situação no Distrito Federal — e em todo o país — é de verdadeiro desespero para muitas famílias.
Parece que estamos sempre nesse vai e vem. O governo federal, através da AGU, alega que precisa de pelo menos mais 60 dias para estabelecer as normas. E os pacientes? Bem, esses continuam na corda bamba, sem saber se amanhã ainda terão acesso ao que lhes garante qualidade de vida.
O Grito Silencioso dos Pacientes
Conversando com algumas pessoas que dependem da cannabis medicinal, a sensação é sempre a mesma: medo. Puro medo. "É como se nossa saúde não importasse", desabafa uma mãe que trata o filho com epilepsia refratária. "A gente vive de prorrogação em prorrogação, nunca tem uma solução definitiva."
O drama é palpável. Muitos pacientes relatam que:
- Já enfrentam dificuldades para manter o tratamento regular
- Vivem com o fantasma da interrupção do acesso ao medicamento
- Sentem-se abandonados pelo poder público
- Precisam recorrer a alternativas arriscadas e caras
Não é exagero dizer que estamos falando de vidas em jogo. Literalmente.
O Que Diz a AGU — E O Que Não Diz
O pedido de extensão do prazo foi formalizado na última terça-feira. A justificativa? A complexidade do tema e a necessidade de "aprofundados estudos técnicos". Mas será que não dá para ser mais ágil quando se trata de saúde pública?
O que me preocupa — e deve preocupar a todos nós — é que essa demorra já está causando sofrimento real. Enquanto os técnicos estudam, pessoas reais sofrem com dores crônicas, convulsões e ansiedade devastadora.
Um Retrato da Angústia Diária
Conheci uma senhora de 67 anos que trata artrite severa com óleo de cannabis. "Antes, eu mal conseguia segurar uma xícara", conta. "Agora, com a possibilidade de perder o tratamento, volto à estaca zero." Suas mãos tremem ao falar — não sei se da doença ou do nervosismo.
É assim por toda parte: histórias de vidas transformadas pelo tratamento, mas ameaçadas pela burocracia. E o pior? Muitos pacientes já começam a sentir os efeitos da incerteza no próprio corpo. A ansiedade antecipatória piora condições preexistentes, criando um círculo vicioso perigoso.
O que vai ser dessas pessoas? A pergunta ecoa nos corredores de hospitais e nas conversas entre familiares. Enquanto isso, o relógio continua correndo — e a saúde de muitos brasileiros vai se deteriorando.