
Quatro dias se passaram e a cena continua a mesma: dezenas de pessoas acampadas em frente à prefeitura de Parauapebas, no sudeste do Pará. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) não dá sinais de recuar — e a prefeitura, por sua vez, parece preferir o silêncio.
"A gente cansa de esperar", diz Maria do Socorro, agricultora de 52 anos que veio de Marabá para participar do protesto. "Mas desistir? Nem pensar." Seu rosto queimado de sol conta histórias de outras marchas, outras esperas. Dessa vez, porém, a determinação parece ainda maior.
O que está em jogo?
Entre as principais reivindicações:
- Regularização fundiária para famílias acampadas
- Destinação de áreas públicas para reforma agrária
- Melhores condições de infraestrutura nos assentamentos existentes
Segundo dados do próprio movimento, mais de 500 famílias estariam diretamente afetadas pela morosidade nas respostas do poder público. Números que, convenhamos, não são pouca coisa.
E a prefeitura?
Até o momento — e aqui vem a parte que ninguém acha surpreendente — a administração municipal limitou-se a dizer que "analisa as demandas". Enquanto isso, na pracinha em frente ao prédio público, o acampamento improvisado vai ganhando cara de permanência.
"Já perdemos as contas de quantas vezes tentamos diálogo", reclama um dos coordenadores do MST na região, que prefere não se identificar. "Dessa vez não vamos sair daqui sem uma resposta concreta."
O clima? Tensão que paira no ar, mas sem confrontos — pelo menos por enquanto. A polícia monitora a situação, mantendo certa distância. Os manifestantes, por sua vez, garantem que o protesto seguirá pacífico. Mas até quando essa calmaria vai durar? Difícil dizer.
Enquanto isso, na cidade, a opinião pública parece dividida. Alguns apoiam a causa, outros reclamam dos transtornos. Típico de qualquer mobilização que se preze. Uma coisa é certa: Parauapebas não vai voltar ao normal tão cedo — pelo menos não enquanto o MST mantiver seu ponto firmemente fincado no centro do debate político local.