
O clima no Congresso Nacional está mais tenso que fila de banco em dia de pagamento. E no centro dessa tempestade política está o relator da proposta de anistia de dívidas de estados e municípios, Danilo Forte. O parlamentar – que parece estar caminhando sobre ovos – sinalizou que está preparando um texto intermediário. A meta? Agradar a maioria e evitar um novo fracasso nas votações.
Não é segredo para ninguém que a proposta original do governo gerou mais descontentamento que chuva em dia de praia. Prefeitos e governadores pressionam por uma solução, mas o governo federal resiste à ideia de perdão total. É aqui que Forte entra como peça-chave nesse complicado xadrez político.
O Meio-Termo Possível
O relator deixou claro que seu relatório não será uma cópia do texto governamental. "Estou estudando um caminho do meio", admitiu, com a cautela de quem sabe que está lidando com dinamite política. A versão preliminar deve surgir ainda esta semana, e os sinais apontam para condições mais brandas que as originalmente propostas pelo Planalto.
Imagine a cena: de um lado, gestores locais desesperados com contas acumuladas desde a pandemia. Do outro, o governo preocupado com o impacto fiscal e o precedente perigoso. No centro, Forte tentando costurar um acordo que não deixe ninguém completamente feliz – porque, convenhamos, em política, quando ambas as partes saem um pouco insatisfeitas, provavelmente se chegou a um bom acordo.
Os Números da Discórdia
Os valores envolvidos são astronômicos – estamos falando de dezenas de bilhões de reais em dívidas acumuladas durante os anos de crise sanitária. O governo originalmente propôs condições que muitos consideraram... bem, irrealistas. Já o texto intermediário do relator deve oferecer prazos mais longos e juros reduzidos.
Não é simplesmente uma questão matemática: é política pura. Cada parágrafo desse relatório será dissecado por governadores, prefeitos, ministros e líderes partidários. Forte sabe disso melhor que ninguém.
Os Próximos Capítulos
Os próximos dias serão decisivos. O relator prometeu apresentar seu texto até quinta-feira, seguido de audiências públicas para debater a proposta. O calendário é apertado, e a pressão só aumenta.
Há rumores nos corredores do Congresso sobre possíveis emendas e contrapontos. Alguns parlamentares defendem anistia total, outros questionam qualquer tipo de perdão. Forte precisará navegar essas águas turbulentas com habilidade de capitão experiente.
Uma coisa é certa: o texto final precisará do aval tanto do governo quanto da base aliada. Missão impossível? Quase. Mas na política brasileira, milagres acontecem – especialmente quando o relator é tão persistente quanto astuto.
O que me faz pensar: será que desta vez encontrarão o ponto de equilíbrio? A resposta, como tudo em Brasília, dependerá menos dos números e mais das negociações nos bastidores. E essas, como sabemos, são imprevisíveis como o tempo no Nordeste.