
Numa daquelas cenas que fazem até os mais céticos levantarem a sobrancelha, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, resolveu fazer uns elogios que ninguém esperava. E olha que no meio jurídico brasileiro, onde as palavras são medidas com conta-gotas, isso já é algo digno de nota.
Durante uma cerimônia no STF que reuniu aquelas figuras que a gente só vê nas páginas dos jornais, Gonet pegou o microfone e foi direto ao ponto. Sabe aquela elegância que parece coisa de outro tempo? Pois é, ele encontrou no ministro Edson Fachin. "Uma elegância que transcende as formalidades", disse, quase como quem descreve um vinho raro.
Coragem como virtude suprema
Mas a coisa não parou por aí. Quando chegou a vez de falar sobre Alexandre de Moraes, o tom mudou completamente. A palavra de ordem foi coragem - daquelas que fazem tremer até os mais destemidos. Gonet não economizou: elogiou a "coragem cívica" do ministro, aquela qualidade rara que faz com que alguém enfrente turbulências políticas sem perder o rumo.
E não foi um elogio qualquer, viu? O procurador foi específico, destacando como Moraes tem enfrentado "momentos delicados" - eufemismo bonito para aquela tempestade política que todo mundo acompanha nos noticiários.
Um discurso que fala mais do que aparenta
O que me chamou atenção, francamente, foi o timing de tudo isso. Num momento onde as relações entre o Ministério Público e o Supremo andavam mais tensas que corda de violino, eis que surge esse gesto de... aproximação? Reconhecimento? Quem sabe um pouco dos dois.
Gonet, que assumiu o cargo em dezembro passado, parece estar desenhando um novo estilo de atuação. Menos confronto, mais diálogo. E nesse balaio de palavras cuidadosamente escolhidas, talvez esteja a chave para entender os próximos capítulos dessa relação tão crucial para a democracia brasileira.
Os presentes na cerimônia - aqueles que entendem das nuances do poder - não disfarçaram a surpresa. Sussurros aqui, olhares significativos ali. Quando o chefe do Ministério Público Federal faz elogios públicos e tão específicos a ministros do Supremo, é porque algo está mudando nos ventos de Brasília.
Resta saber se essa nova sintonia vai durar mais que o entusiasmo de um discurso cerimonial. O tempo, esse juiz implacável, se encarregará de nos responder.