
O ambiente pesado de um julgamento no Supremo Tribunal Federal ganhou cores inesperadas nesta quinta-feira. E não, não foi por causa de alguma tese jurídica revolucionária — mas sim por uma conversa fiada sobre futebol que deixou até os mais sérios da corte com um sorriso no rosto.
O ministro Ricardo Lewandowski, conhecido por seu jeito despojado mesmo em momentos graves, simplesmente soltou uma pérola durante a análise de um recurso criminal. Do nada, como quem comenta o tempo, ele lamentou a derrota do Corinthians para o Botafogo na noite anterior. "Perder o jogo do Corinthians...", disse com aquele jeito característico de quem está entre amigos.
E completou, como se estivesse numa mesa de bar: "Sou da prosa". A expressão, tão comum no dia a dia dos brasileiros, soou quase surreal vindo de um ministro do STF no plenário mais importante do país.
O contexto por trás da leveza
Curiosamente, o momento descontraído aconteceu durante a discussão de um habeas corpus para um condenado por homicídio. Lewandowski e o ministro Dias Toffoli analisavam se mantinham ou não a prisão preventiva do réu.
Toffoli, num gesto que mostra como o futebol une até os togados, respondeu ao colega: "O Botafogo ganhou, ministro". Foi então que veio a confissão corintiana de Lewandowski — e a explicação de que ele prefere o papo amigável à arrogância.
Não é a primeira vez que Lewandowski mostra essa face mais humana. Ele mesmo já admitiu que gosta de "conversar, brincar e contar piadas" — algo raro num ambiente normalmente marcado pela formalidade excessiva.
O equilíbrio entre seriedade e humanidade
O que poderia parecer desrespeitoso, na verdade revela algo profundamente humano: a capacidade de encontrar leveza mesmo sob pressão. Os ministros lidam com casos que definem vidas diariamente, e esses momentos de descontração parecem funcionar como uma válvula de escape necessária.
Lewandowski, aliás, é famoso por essas quebras de protocolo. Ele mesmo já definiu seu estilo como "harmonizado" — consegue separar o momento sério da piada oportuna sem perder a autoridade.
O julgamento continuou normalmente após o intervalo não programado. Mas ficou a lição: até no STF, o futebol e uma boa conversa têm seu lugar garantido.