
O jeito tranquilo de Edson Fachin está chamando atenção nos corredores do poder em Brasília. E não é pouco. Parlamentares que circulam pelo Congresso Nacional têm observado algo diferente no ar — uma sensação quase palpável de que as coisas podem mudar para melhor entre os dois Poderes.
O que faz um homem quieto causar tanto burburinho? A resposta parece estar justamente na sua discrição. Fachin não é daqueles que gosta de holofotes. Prefere os bastidores, as conversas reservadas, os argumentos bem fundamentados aos discursos inflamados.
O contraste que faz diferença
Lá no Senado, um veterano que pediu para não ser identificado foi direto ao ponto: "Depois de tantos atritos, um ministro que fala baixo pode ser exatamente o que precisamos". A observação parece simples, mas carrega um peso enorme considerando os últimos anos de relações tão — digamos — turbulentas entre Supremo e Congresso.
Não se trata apenas de personalidade, claro. O histórico de Fachin mostra um jurista que leva a sério o diálogo institucional. Ele tem essa coisa de ouvir mais do que falar, de ponderar antes de decidir. E num ambiente onde todos parecem gritar ao mesmo tempo, alguém que sussurra acaba sendo ouvido com mais atenção.
Os números que impressionam
A votação no Senado foi um verdadeiro teste de fogo — e Fachin passou com louvor. 68 votos a favor e apenas 7 contra não são números que se veem todos os dias por aqui. Isso diz muito sobre a percepção que os parlamentares têm do novo ministro.
Um deputado do centrão, sempre pragmático, resumiu bem: "Ele sabe que o Supremo não é uma ilha. Precisa do Congresso, assim como o Congresso precisa do Supremo". Parece óbvio, mas na prática... bem, na prática nem sempre foi assim.
O desafio pela frente
Mas calma lá que não é tão simples. Fachin chega ao STF num momento delicadíssimo. O tribunal está no olho do furacão de várias questões que dividem o país — e que, inevitavelmente, vão exigir posicionamentos firmes.
A grande questão é: será que esse estilo mais contido vai conseguir navegar pelas águas turbulentas que estão por vir? Alguns acham que sim, outros torcem o nariz. Um senador da oposição comentou, com certa cautela: "O perfil é bom, mas o momento é complexo. Vamos ver na prática".
O que todos parecem concordar é que Fachin traz uma oportunidade — uma janela para um relacionamento menos conflituoso entre os Poderes. Não é pouca coisa. Num país onde as instituições vivem se estranhando, qualquer sinal de aproximação é recebido com esperança.
Resta saber se essa expectativa toda vai se concretizar. O tempo — como sempre — dirá. Mas por enquanto, a sensação é que pelo menos o clima melhorou. E em Brasília, às vezes, isso já é um grande começo.