
O cenário político-jurídico brasileiro está prestes a virar uma página importante. Nesta segunda-feira, o ministro Edson Fachin — uma das vozes mais respeitadas e, por vezes, controversas do Judiciário — assume oficialmente a presidência do Supremo Tribunal Federal. E olha, a hora não poderia ser mais interessante.
Quem acompanha o ritmo dos tribunais sabe: Fachin não chega para fazer apenas gestão de rotina. O ministro herda um STF no centro de praticamente todos os debates nacionais relevantes. De questões ambientais a disputas políticas de alto calão, o tribunal vive sob os holofotes — e a pressão é constante.
Uma transição que já começou
A posse, marcada para as 15h no plenário do Supremo, não é mera formalidade. Representa a continuidade de um trabalho que já vinha sendo costurado nos bastidores. Fachin substitui o ministro Luís Roberto Barroso, que completou seu biênio à frente da Corte. E cá entre nós: a troca de comando num órgão desses nunca é simples.
O que muita gente não percebe é que Fachin também assumirá a vice-presidência do CNJ — o Conselho Nacional de Justiça. Duas funções colossais, diga-se de passagem. Imaginem a pilha de processos e decisões administrativas que esperam pelo novo presidente.
Os desafios imediatos
O ministro chega com uma agenda já definida — e repleta de temas espinhosos. Entre os principais pontos que deverão marcar sua gestão estão:
- Aceleração do julgamento de processos que estão parados há anos
- Modernização dos sistemas do Judiciário — algo que já era bandeira de Barroso
- O eterno debate sobre o papel do STF frente aos outros Poderes
- Questões ambientais, área onde Fachin já demonstrou posições firmes
Não vai ser moleza, convenhamos. O Supremo hoje é alvo de críticas de todos os lados — seja por suposta judicialização excessiva, seja por alegada morosidade. Encontrar o equilíbrio nesse tabuleiro complexo exigirá não apenas conhecimento jurídico, mas também um tato político considerável.
O estilo Fachin
Quem já viu Fachin em ação conhece seu perfil: técnico, metódico, mas com uma capacidade notável de síntese em casos complexos. Sua atuação em julgamentos históricos — como aqueles envolvendo operações anticorrupção — deixou claro que não teme decisões impopulares quando acredita estar seguindo a Constituição.
Mas atenção: assumir a presidência é diferente de ser apenas um votante. O cargo exige habilidade de negociação, capacidade de construir consensos e, acima de tudo, paciência para lidar com as pressões externas que não param de chegar.
O ministro terá de conciliar visões muitas vezes antagônicas dentro do próprio colegiado. E aí, meus amigos, está um dos maiores desafios. O STF reúne personalidades fortes, com interpretações constitucionais que variam significativamente.
O legado que começa agora
Especula-se que Fachin pretende dar continuidade ao processo de transparência e modernização iniciado por Barroso. Mas trará também seu próprio estilo — talvez mais contido na exposição midiática, mas igualmente firme nas convicções.
Resta saber como administrará a relação com o Congresso e o Executivo. Nos últimos anos, essa triangulação tem sido… bem, complicada. O novo presidente do STF precisará estabelecer limites claros sem fechar as portas do diálogo.
Uma coisa é certa: os próximos dois anos prometem. Com eleições municipais no horizonte e um país ainda dividido em muitas questões fundamentais, o Supremo seguirá no olho do furacão. E Fachin estará no comando — com toda a responsabilidade que isso implica.
O que esperar? Talvez a melhor resposta seja: surpresas. No direito, como na vida, o inesperado costuma ser a única certeza.