
O plenário do Supremo Tribunal Federal testemunhou nesta quarta-feira um daqueles momentos que ficam gravados na memória institucional. E olha, não foi só mais uma cerimônia protocolar - longe disso.
Quando Cármen Lúcia pegou o microfone, dava pra sentir a atmosfera mudar. A ministra, com aquela serenidade que só anos de experiência concedem, soltou a frase que ecoou pelos corredores do poder: "A democracia seguirá sendo defendida por este Supremo Tribunal Federal". Simples assim. Mas carregada de um significado que todo mundo naquela sala entendeu perfeitamente.
Um Passo para o Futuro, Olhando para o Passado
O contexto? Ah, o contexto era tudo. Edson Fachin assumindo como novo ministro, substituindo ninguém menos que Rosa Weber. E Cármen Lúcia não perdeu a oportunidade - nem poderia - de fazer um daqueles discursos que misturam tradição com um olhar aguçado para os desafios que virão.
"O STF tem compromisso com a Constituição", afirmou ela, com aquela convicção que parece brotar das páginas amareladas dos livros de direito. Mas não parou por aí. A ministra foi além, muito além: "O Tribunal continuará a trabalhar para que a democracia seja o regime permanente do País".
O Peso das Palavras em Tempos Complexos
Não me venham dizer que isso é só retórica jurídica. Quem acompanha o noticiário político sabe que cada sílaba pronunciada naquela sala tinha o peso de uma sentença. E Cármen Lúcia, com sua experiência de mais de 17 anos na corte - imagine só! -, parece entender como ninguém que algumas coisas precisam ser ditas em alto e bom som.
Ela chegou a fazer um daqueles comentários que fazem a gente parar pra pensar: mencionou "momentos difíceis" que o país enfrentou recentemente. Não detalhou, claro - a elegância sempre foi sua marca registrada. Mas a mensagem estava lá, cristalina como água de nascente.
O Legado que Fica e o que Vem por Aí
Enquanto Fachin assume sua vaga permanente no tribunal - depois de uma passagem como ministro aposentado que, convenhamos, deixou saudades -, Cármen Lúcia segue firme no comando. E que comando!
O que mais me chamou atenção foi como ela conseguiu, em poucos minutos, traçar um panorama completo do que significa ocupar aquela cadeira. Não é só sobre julgar processos, decidir recursos ou analisar constitucionalidades. É, nas palavras dela mesma, "garantir que a democracia seja mais que uma palavra bonita nos livros de história".
Parece exagero? Duvido que alguém na plateia pensou isso. O clima era de atenção absoluta, daqueles que fazem até o ar-condicionado parecer mais silencioso.
Um Recado para o Brasil Inteiro
E tem mais - sempre tem. A ministra deixou claro que o STF não é uma ilha isolada do resto do país. Ao defender a democracia, o tribunal "reafirma seu papel institucional perante a sociedade brasileira". Isso significa, na prática, que as portas (mesmo que virtuais) seguem abertas para o cidadão.
Numa era onde cada gesto público é escrutinado até o último pixel, ver uma autoridade do calibre de Cármen Lúcia reafirmar compromissos fundamentais com tanta clareza é... bem, é revigorante, para dizer o mínimo.
A cerimônia terminou, os cumprimentos foram trocados, as fotografias registradas. Mas o eco das palavras "democracia", "Constituição" e "compromisso" parece ter ficado pairando no ar do plenário. E algo me diz que é exatamente assim que deveria ser.